As tímidas esperanças de paz que estão surgindo em vários rincões do planeta se converteram na intenção que João Paulo II pôs aos pés do Menino Jesus em sua mensagem deste Natal. Com grande esforço e perseverança, o Papa leu integramente seu tradicional auspício ao meio-dia, antes de enviar a benção «urbi et orbis» (à cidade e ao mundo), ante os milhares de peregrinos congregados na praça de São Pedro. Seguiam ao vivo as palavras do Papa milhões de pessoas graças a 114 canais de televisão de 72 países, alguns de maioria islâmica, como Turquia, Marrocos, Argélia, e Indonésia. O bispo de Roma, que havia celebrado poucas horas antes a longa Missa do Galo na Noite Feliz, pronunciou depois sua felicitação pelo Natal em 62 idiomas. Entre outros, falou em aramaico, o idioma que Jesus falava e que utilizam liturgicamente os cristãos iraquianos, que nestes momentos atravessam duras dificuldades. Também falou em árabe e hebreu. Depois de saudar em chinês, o próprio pontífice se deteve para levantar seu olhar, como esperando uma resposta. Em particular, mencionou os rincões do planeta nos que se derrama sangue e pelos quais ele mesmo se mobilizou nos últimos meses ou anos. 1. Christus natus est nobis, venite, adoremus! Cristo nasceu por nós, vinde adorá-lo! Vamos para Ti, neste dia solene, doce Menino de Belém, que ao nascer escondeste tua divindade para compartilhar nossa frágil natureza humana. Iluminados pela fé, Te reconhecemos como verdadeiro Deus encarnado por amor nosso. Tu és o único Redentor do homem! 2. Ante o presépio onde jaz indefeso, que cessem tantas formas de crescente violência, causa de indizíveis sofrimentos; que se apaguem tantos focos de tensão, que correm o risco de gerar conflitos abertos; que se consolide a vontade de buscar soluções pacíficas, respeitosas das legítimas aspirações dos homens e dos povos. 3. Menino de Belém, Profeta da paz, alenta as iniciativas de diálogo e de reconciliação, apóia os esforços de paz que ainda que tímidos, mas cheios de esperança, estão se fazendo atualmente por um presente e um futuro mais sereno para tantos irmãos e irmãs nossos no mundo. Penso na África, na tragédia de Darfur no Sudão, Na Costa do Marfim e na região dos Grandes Lagos. Com grande apreensão acompanho os acontecimentos no Iraque. E como não olhar com ansiedade compartilhada, mas também com inquebrantável confiança, à terra da qual Tu és Filho? 4. Por toda parte se vê a necessidade de paz! Tu, que és o Príncipe da verdadeira paz, ajuda-nos a compreender que a única via para construí-la é fugir horrorizados do mal e buscar sempre e com valentia o bem. Homens de boa vontade de todos os povos da terra, Vinde com confiança ao presépio do Salvador! «Não tira os reinos humanos quem dá o Reino dos céus» (cf. hino litúrgico). Chegai para encontrar-vos com Aquele que vem para ensinar-nos o caminho da verdade, da paz e do amor.

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