Muita gente pode achar que temos dois ouvidos para “se um falhar…” , outros, mais atentos ao lado estético podem argumentar que “fica mais bonito assim, pois o que colocaríamos do outro lado da cabeça?”
Mas na verdade nós temos dois ouvidos exatamente pelo mesmo motivo porque temos dois olhos: para nos fornecer o efeito de três dimensões. Na visão, cada um dos olhos recebe uma informação ligeiramente diferente e o cérebro decodifica esta informação nos dando a noção de profundidade.
Experimente fechar um olho e, com os braços ligeiramente esticados à frente, tocar a ponta do dedo indicador direito na ponta do indicador esquerdo e verá como ter dois olhos ajuda.
No caso dos ouvidos, a informação sonora recebida por cada um deles é ligeiramente diferente por causa da distância entre eles e porque a cabeça funciona como um obstáculo. O cérebro então decodifica esta informação e consegue a partir daí interpretar a direção de onde o som está vindo e até se ele vem de um ponto acima ou abaixo dos ouvidos.
Para que este sistema funcione, o cérebro usa dois recursos distintos, dependendo se o som é agudo ou grave. Para os sons agudos, a cabeça representa um grande obstáculo e a direção do som será aquela do ouvido que estiver percebendo o som mais alto. Para os sons graves, a cabeça deixa de ser um obstáculo e o som a contorna.
Assim o mecanismo acima não funciona. Por isso é mais difícil para nós identificarmos de onde vêm os sons graves. Mesmo assim, o cérebro ainda consegue resolver este problema adotando o seguinte princípio: o som vem da direção cujo ouvido o ouviu primeiro. Ou seja, a diferença no tempo de chegada do som a cada ouvido é que determina sua direção. E isso o nosso cérebro computa sem que a gente se dê conta, pois as diferenças de volume e tempo de chegada são pequenas demais para serem conscientemente percebidas.
Neste ponto vem a pergunta crucial: e as orelhas? Pra que servem? Elas vão trabalhar basicamente nas freqüências médias, refletindo estes sons diretamente para dentro do canal auditivo, melhorando nossa percepção e fornecendo uma “sintonia fina” para nossa noção de posicionamento espacial do som.