Artigo Frei Moser

Por que ir aos lugares santos?

De alguma forma falar em "lugares santos" se constitui numa certa redundância. Pois se acreditamos que Deus criou todas as coisas, devemos acreditar que é também Ele que se encontra na origem de todos os lugares, não só da terra, como de toda a imensidão do universo. Assim, deveríamos dizer que todos os lugares são santos. E no entanto, foi o próprio Deus quem, em vários episódios da Bíblia, parece privilegiar alguns lugares. Basta pensar na vocação de Moisés, assim como vem relatada no capítulo III do Êxodo, v. 5, onde Deus assim se expressa: "Não te aproximes daqui! Tira as sandálias dos pés, pois o lugar onde estás é chão sagrado". Diante disto logo surge a pergunta: "Será que alguns lugares são mais sagrados do que outros? Por quê?"

Para responder à esta pergunta, nada melhor do que partir de uma constatação: ninguém cria um lugar "santo" por decreto. Os numerosos lugares santos, que denominamos de "santuários", foram surgindo em vista de certos fatos ali acontecidos, ou ao menos em vista de algo de especial que o povo de Deus experimentou em termos de espiritualidade.

Normalmente uma certa configuração, como um rio, uma montanha, um vale, uma gruta, criam o ambiente externo propício para este tipo de experiência religiosa. Mas nenhum destes elementos se sobrepõem àquela experiência indescritível de que ali se encontra Deus.

Com certeza, entre os muitos denominados santuários ou lugares santos, aqueles que se situam na terra de Jesus, gozam de uma primazia inquestionável. Assim, trilhar os caminhos que ligam a Judéia à Galiléia, entrar na gruta da natividade, percorrer as ruas de Jerusalém, seguindo os passos da via sacra, prostrando-se diante do Santo Sepulcro, é um privilégio que nem a todos podem usufruir.

O fato é que, desde os primórdios do cristianismo, o culto aos "lugares santos", ou seja, daqueles lugares que foram percorridos pelo próprio Jesus, foi profundamente interiorizado por todos os seguidores de Cristo. E não é para menos, pois ainda que, como Filho de Deus Ele seja o primogênito de toda a Criação, existem lugares determinados que fazem parte da história da salvação, porque foram marcados pela vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus. Estes lugares foram marcados pelo seu suor e pelo seu sangue, mas sobretudo por uma inusitada presença de Deus: "e Deus estava com Ele", como nos dizem os Evangelistas.

Assim sendo, não há dúvidas de que fazer uma peregrinação à Terra Santa, "andando por onde Jesus andou" e "passando" por onde Jesus passou, se constitui numa graça toda especial. Não apenas as palavras e gestos de Jesus se tornam mais compreensíveis, como suas palavras e seus gestos se transformam em forças transformadoras de nossas vidas.

É esta força transformadora que os turistas não sentem, mas que movimenta os verdadeiros peregrinos: para viver onde e como Jesus viveu eles se submetem a qualquer tipo de sacrifício, e o fazem com alegria. Pois descobrem que toda nossa vida não passa de uma peregrinação, mais ou menos longa, mais ou menos sofrida, mas sempre profundamente enriquecedora para aqueles que sabem desvendar nos seus passos, os passos do próprio Filho de Deus.

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