Alguns países tem sofrido os efeitos do controle de natalidade. Além disso, pesquisas mostram que o Brasil pode sofrer estas consequências, acarretando, por exemplo, no envelhecimento mais rápido da população.
De acordo com dados do IBGE, até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas.
Como, então, as famílias podem continuar abertas à vida, realizando o planejamento familiar de acordo com os ensinamentos da Igreja, sem entrar na lógica do controle de natalidade?
Segundo o Bispo auxiliar do Rio de Janeiro e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, Dom Antônio Augusto, as famílias podem realizar um planejamento familiar e não, simplesmente, um controle de natalidade para o país.
“[O planejamento] não depende de uma tecnologia, uma técnica, mas de que os esposos se amem, se respeitem e procurem fazer do amor matrimonial o amor pelo nosso país”, complementa.
Dom Antônio explica que todos os projetos de programa familiar promovidos pelos governos de vários países tem como base a justiça social, com o objetivo de realizar uma eficaz distribuição de riquezas. Contudo, conforme salienta o prelado, a justiça verdadeira deve ter como fundamento a caridade.
“A caridade sem justiça nem sempre pode produzir frutos. E justiça sem caridade pode acarretar em valorização de técnicas e programas, esquecendo-se que o ser humano não pode estar condicionado por estes procedimentos, mas ele necessita de amor e deve ser acolhido com amor”, explica.
A realidade na China
Um dos países que mais sofrem com o rigoroso controle de natalidade é a China. Segundo padre José Li GuoZhong, que é chinês e exerce o seu ministério na Arquidiocese do Rio de Janeiro, as leis de controle de natalidade começaram no país na década de 80, sendo a fiscalização mais rígida nas grandes cidades do que no campo.
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.: Entrevista com padre José Li
Padre José Li relata ainda que as mulheres que não desejam abortar seus filhos, precisam fugir para o campo e lá realizarem o parto. Foi o que aconteceu também na família do sacerdote: “Uma irmã teve que fugir de casa e se esconder em outra província e, hoje, este meu sobrinho está aqui no Brasil e foi ordenado diácono. Ele foi fruto da perseverança e luta da minha irmã”.
Filhos, dons de Deus
O bispo auxiliar ressalta que as famílias brasileiras tem muitos motivos para viver uma paternidade responsável e o primeiro dele é o amor ao país.
“Nosso país tem um grande riqueza que é o povo brasileiro. É um povo acolhedor, aberto a todas as culturas, raças e costumes e tirar desse povo a possibilidade de ser aberto à vida é fazer um controle muito técnico, mas também muito desumano”.
O sacerdote chinês também ressalta a situação das famílias do Brasil: “Os casais, hoje, têm uma mentalidade moderna, querem ser livres, querem essa liberdade egoísta e não querem ter os filhos por questões econômicas”.
Ao falar sobre a conscientização que a Igreja oferece aos casais, padre José Li afirma que os filhos são dons de Deus e, por isso, os casais precisam descartar a mentalidade egoísta. “Se acreditamos na providência divina, Deus abençoa cada família, cada casal, para que os filhos não sejam considerados um peso, mas sejam uma bênção de Deus”, conclui.