Um negócio sustentável e que impulsiona a economia local. Na capital mineira, o mercado de brechós cresce a cada dia, atraindo consumidores conscientes e aqueles que buscam uma nova fonte de renda.
Reportagem de Vanessa Anicio e Daniel Camargo
A relação da administradora Cláudia Benevenuto com brechós começou ainda na infância, por necessidade. “A gente antigamente, a minha família era classe média baixa, e a gente não tinha oportunidade de comprar em lojas. Então a minha mãe sempre me levava para comprar em brechó, tanto que o meu vestido de formatura foi de brechó, meu vestido de casamento foi de segunda mão”, relembrou.
Hoje, o mercado de roupas usadas cresce de forma expressiva. Segundo levantamento do Sebrae, só em Minas Gerais já são mais de 2.600 brechós cadastrados.
A analista do SEBRAE (MG), Michelle Chalub, explicou a tendência. “Esse novo modelo de negócio ela vem colada em toda transformação que a sociedade vem passando. principalmente a pandemia e pós-pandemia, que todas as pessoas estavam repensando suas relações com as pessoas com o meio ambiente. Os brechós tiveram, então, esse boom, esse crescimento tão expressivo, justamente por trazer esse modelo de negócio que pensa sim em ganhar dinheiro no lucro, mas também em toda a questão da sustentabilidade e as novas relações com essa moda consciente”.
Em Belo Horizonte, são mais de quinhentos empreendimentos ativos — muitos começaram durante a pandemia e seguem crescendo, dentro e fora das redes sociais.
Lembra da Cláudia? De consumidora, ela se tornou dona de um brechó na capital. Começou com uma loja física, mas vê no ambiente virtual uma oportunidade para crescer.
“Nós começamos com uma venda muito pequena, que era por volta de 30%, depois chegamos aos 40%, e hoje estamos 50% virtual e 50% presencial. Ou seja, o mercado virtual é uma grande loja, com uma janela aberta para o mundo inteiro”, retomou Cláudia.
E não são só os pequenos negócios que movimentam o setor. Paróquias e comunidades também encontram na venda de peças usadas apoio financeiro para manter obras sociais e arrecadar recursos para a missão.
A missionária e administradora da TV Canção Nova em Belo Horizonte, Bianca de Senne Perez, comenta como acontece o chamado “feirão da providência”. “O feirão da providência aqui em Belo Horizonte acontece um por semestre. Então, geralmente ali de maio a julho, o primeiro feirão da providência; e o segundo, em novembro. E ele é esse meio mesmo, que São José, nosso protetor, nosso padroeiro, suscitou para trazer meios e fundos para a missão”.