LER SEM ENTENDER

Pesquisa aponta que 29% dos brasileiros convivem com o analfabetismo

Ler sem entender é como ter olhos e não enxergar. O Indicador de Alfabetismo Funcional, de 2024, apontou que 29% dos brasileiros de 15 a 64 anos vivem essa realidade. Uma estagnação que revela um desafio profundo da educação no país.

Reportagem de Aline Campelo e Sanny Alves

O projeto filantrópico da Universidade Católica de Brasília (UCB) alcança as comunidades periféricas do Distrito Federal. A professora da UCB, Rafaela Marques, destaca que “a vulnerabilidade social perpassa a vulnerabilidade social. Essas desigualdades caminham juntas”.

O índice apresentado pelo estudo abrange brasileiros entre 15 e 64 anos considerados analfabetos funcionais. São pessoas que, mesmo alfabetizadas de forma básica, não têm domínio suficiente da leitura e da escrita para compreender informações simples do cotidiano.

Dificuldades para interpretar o destino de um ônibus ou identificar valores que comprometem sua autonomia. Obstáculos que, na prática, negam direitos e limitam a inclusão social. Desde 2018, esse número permanece praticamente inalterado no Brasil.

“São dados alarmantes, sobretudo porque esses dados aumentaram entre os jovens. O analfabetismo funcional entre os jovens está crescendo”, destaca a educadora Rafaela Marques.

A aposentada Joselita dos Santos contou sua experiência: “Depois que comecei a ir pra o EJA (Educação de Jovens e Adultos), graças a Deus eu não faço mais isso. Já não pego mais ônibus errado”, afirma.

Ações de letramento do projeto de extensão da Universidade Católica de Brasília já alfabetizaram quase cinco mil pessoas.

A professora destacou: “Letramento tanto da língua materna, quanto matemático, quanto letramento social também, que é extremamente importante para esses jovens, adultos e idosos”.

Dignidade resgatada pelo acesso à educação.

A aposentada conta realizada: “Mudou tudo porque quando eu não sabia ler ou escrever nada, eu era praticamente cega. Para mim está sendo maravilha.”

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