Simpósio Nacional das Famílias começa neste sábado, 24; assessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB destaca importância das famílias para a Igreja
Julia Beck
Da redação

Foto: Canva Pro
Olhar a família pela ótica da fé e não do pessimismo, é o que incentiva o assessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e secretário executivo nacional da Pastoral Familiar, padre Rodolfo Chagas Pinho. O sacerdote reflete sobre o valor da família diante da proximidade de um importante evento no país voltado para o tema: o Simpósio Nacional das Famílias.
Em sua 15ª edição, o encontro, que será neste final de semana, 24 e 25 de maio, em Aparecida (SP), terá como tema “Família, peregrina da esperança” – em referência ao Ano Santo. Este tema foi decidido pela Comissão Episcopal, com o objetivo de celebrar no Brasil o Jubileu das Famílias.
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“Como nem todos irão a Roma, achamos por bem celebrar, no dia do Simpósio, essa expressão eclesial em comunhão com o Papa Leão XIV e todas as famílias que estarão em Roma”, disse padre Rodolfo. Desse modo, o evento deste ano se revestirá de um caráter jubilar e festivo para fazer memória dos 15 anos de história e celebrar o matrimônio como caminho vocacional de felicidade na doação total entre marido e mulher, pais e filhos.
O Simpósio está totalmente relacionado com o Ano Santo. “Nós teremos a participação on-line do secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Dr. Gleison de Paula Souza. Queremos dar ao Brasil esse sinal de esperança, mostrar que a família não é um problema, uma crise, não é um peso para a humanidade, mas um dom, alegria para o mundo. O Simpósio quer ser o anúncio da Boa Nova da Família ao Mundo”, destaca.
Momentos com Deus
A Santa Missa e a Adoração ao Santíssimo Sacramento estão entre as atividades a serem vividas no Simpósio Nacional das Famílias 2025. “Tudo converge para Jesus, princípio e fim de todas as coisas. Como dizia o Papa Francisco: a vocação da família é ter os olhos fixos em Jesus. Mais recentemente, nosso querido Papa Leão XIV também afirmou: ‘Olhem para Cristo! Aproximem-se d’Ele!’”, indica padre Rodolfo.
O presbítero sublinha que é preciso dar a Cristo o seu devido lugar, o centro na vida das famílias e em suas casas. Ele alerta então para devoções eucarísticas vazias, vividas apenas segundo um ritual de preceito. “A Adoração nos leva a viver uma vida em Cristo. Como dizia São Paulo: ‘Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim!’ (cf. Gl 2,20)”.
A Santa Missa, que acontecerá no domingo, 25, juntamente com a Peregrinação Nacional das Famílias, levará os participantes a concluírem o evento diante do altar. O sacerdote recorda que é na Celebração Eucarística que todas as vocações encontram sua razão de ser. “Diante do altar, todos dizem o seu ‘sim’, seja para o matrimônio, o ministério ordenado, a vida consagrada ou religiosa”.
Atenção especial para jovens e crianças
Na programação do simpósio, um destaque especial serão as iniciativas envolvendo as crianças, adolescentes e jovens: um momento de roda de conversa bem descontraída com jovens e adolescentes e também o Simpósio Kids, com crianças de 0 a 10 anos.
Padre Rodolfo comenta que não se pode pensar em família sem olhar para os mais novos. “Portanto, para nós, Pastoral Familiar, a participação deles no Simpósio é primordial”, ressalta. O sacerdote afirma que muitos pais dizem: “Onde não há espaço para meu filho, não há espaço para mim!”, e considera a frase uma verdade. “Não há pastoral familiar sem crianças, adolescentes e jovens”.
Confira a programação:
15 anos de Simpósio Nacional das Famílias
O Simpósio Nacional das Famílias teve sua primeira edição em 2011, e é uma das principais iniciativas da Comissão Episcopal Vida e Família da CNBB. Padre Rodolfo recorda que o objetivo do evento é aprofundar temas fundamentais da Pastoral Familiar e fortalecer a evangelização das famílias no Brasil.
O sacerdote explica que o simpósio nasceu da necessidade de oferecer uma instância de formação mais teológica e pastoral para os agentes de pastoral e lideranças das dioceses e regionais. A estrutura do evento foi pensada para unir espiritualidade, reflexão teológica e escuta das famílias, sendo sempre acompanhada por momentos celebrativos e oracionais.
“Hoje, já se pensa no Simpósio como momento de comunhão de todos os serviços eclesiais que atuam com e para as famílias, pois temos a participação de representações de vários movimentos e serviços”, acrescenta o assessor da comissão.
Nestes 15 anos, padre Rodolfo frisa que já é possível palpar alguns frutos. “Cada ano, ouvimos testemunhos de pessoas que vêm pela primeira vez apenas por curiosidade e voltam para sua comunidade engajados no auxílio pastoral junto às famílias”, relata. O presbítero sublinha também o início de muitos grupos da Pastoral Familiar nas paróquias do Brasil e o acompanhamento pastoral de famílias em crise.
Futuro da humanidade
Por fim, o assessor da Comissão para a Vida e a Família da CNBB lembra uma frase de São João Paulo II, que dizia que pela “família passa o futuro da humanidade”. O presbítero cita também a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que diz: “A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal e familiar”.
“Estamos vivendo um tempo de liquidez das relações, falta de diálogo, imaturidade afetiva e humana, ou seja, um colapso emocional muito grande”, alerta padre Rodolfo. Diante destes fatos, o sacerdote afirma que se faz urgente cuidar, defender, promover a família como dom precioso para a humanidade, já que ela é a primeira escola, o primeiro amparo social e o primeiro hospital.
O presbítero recorda mais uma vez São João Paulo II, desta vez a reflexão do santo na carta às famílias Gratissimam sane, de 1994, no Ano da Família: “Relegar a família a um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social inteiro”.
“Urge deixar claro para o mundo que: ‘A família recebeu de Deus a missão de constituir a célula primária e vital da sociedade. Cumprirá tal missão se ela se apresentar como santuário íntimo da Igreja pelo mútuo afeto de seus membros’”, sublinhou Paulo VI, na Apostolicam Actuositatem.
O Simpósio visa propor às famílias do Brasil que priorizem tempo de qualidade, pratiquem ouvidos ativos, mostrem afeto e carinho, estabeleçam rotinas e tradições, busquem ajuda profissional quando necessário. Padre Rodolfo lembra também a necessidade de cuidar das feridas das famílias. “Todas as famílias têm as suas e a Pastoral Familiar não pode ficar só nas ideias, no material, precisa ajudar a humanizar as relações familiares”, afinal, “a família é protagonista da Esperança”.