A ligação entre o Padre Léo e a Canção Nova foi muito marcante e perdura ainda hoje, com a Comunidade Bethânia
Kelen Galvan
Da redação, com colaboração de Elaine Santos
Padre Léo da Canção Nova. Foi assim que muitas vezes o fundador da Comunidade Bethânia foi chamado, devido à grande proximidade com a Comunidade Canção Nova. Embora ele já fosse conhecido por Monsenhor Jonas Abib desde sua juventude, nos anos de 1999 e 2000 que se tornou mais próximo e dali nasceu uma amizade e uma aliança entre estas duas comunidades.
Em 1999, ele começou a gravar o programa “Feliz a cada dia” e, pouco tempo depois, o “Tenda do Senhor”, além de se destacar com suas pregações em muitos acampamentos de oração.
“Padre Léo foi um filho, um amigo, um evangelizador, um irmão”, afirma a cofundadora da Comunidade Canção Nova, Luzia Santiago. Ela lembra que o sacerdote se fez um com a comunidade, se fez íntimo. “Ele tinha em especial esse toque da Canção Nova, ele era o maior propagador do Projeto Dai-me Almas, nas pregações falava da Canção Nova, e mais do que falar, ele vivia conosco, exortava e até corrigia os membros da comunidade, ele viveu como Canção Nova”.
O fundador da Comunidade Canção Nova, monsenhor Jonas conta que conheceu o Padre Léo ainda jovem em um congresso da Renovação Carismática Católica em Itajubá (MG), depois perderam o contato por um tempo e se reencontraram quando ele, já seminarista, veio morar em Taubaté (SP), para cursar Teologia, e dali nasceu uma amizade mais aproximada.
“Era uma amizade em Deus. Com toda simplicidade, mas ele buscava na Canção Nova mais Deus. E eu queria que a presença da Canção Nova levasse mais Deus para o Padre Léo. Então, aí está a beleza da nossa amizade. Nossa amizade era em Deus. Para levar Deus para ele, e para ele levar Deus para a Canção Nova”, afirma monsenhor.
Padre Léo hospedou-se frequentemente na casa de monsenhor Jonas, Luzia e Eto, sempre que vinha a Cachoeira Paulista (SP) ou para algum compromisso na região. Luzia conta que o quarto em que ele se hospedava continua o mesmo até hoje e é chamado de o “quarto do Padre Léo”.
Transformação interior
Luzia lembra que o próprio Padre Léo falava de uma transformação que aconteceu em sua vida após se aproximar mais de Monsenhor Jonas Abib e da Comunidade Canção Nova. “Ele foi sofrendo uma transformação muito grande, uma mudança de costumes”, disse.
“Padre Léo, ainda jovem, fumava, bebia, falava palavrão e, aos poucos, esse padre Léo, vou dizer, foi sendo purificado. Ele diz que fomos nós, mas com certeza foi a ação do Espírito Santo nele, porque ele também servia de muita purificação para nós”, destaca.
O cofundador da Comunidade Bethânia, Diácono Ideraldo Paloschi, confirma essa mudança e fala de uma conversão diária. “No início de sua vida, ele mesmo falava, ele não era um alcoólatra, mas gostava de uma cerveja, fumava seu cigarro e a gente foi percebendo essa mudança que foi provocando na vida dele, o trabalho primeiro com o Padre Eduardo Dougherty, no Anunciamos Jesus, e depois este encontro com a Canção Nova, com o padre Jonas”.
E a mudança foi acontecendo também na Comunidade, lembra Ideraldo. “No início de Bethânia se fumava, então se cortou todo cigarro e se parou de fumar. Inclusive ele parou antes, ele fumava três maços de cigarro por dia e largou o vício”.
Essa unidade entre o Padre Léo e a Canção Nova tornou-se tão grande que as pessoas o conheciam como padre Léo da Canção Nova. “Não há como separar”, afirma Luzia, “Para as pessoas e para nós também é Padre Léo de Bethânia Canção Nova ou de Canção Nova Bethânia”. Diante disso, ela acredita que, se for beatificado, padre Léo também será conhecido como o santo da Canção Nova.
Qualidades do Padre Léo
Conhecido por seu humor, padre Léo cativou muitas pessoas com suas pregações, até os que estavam mais distantes da Igreja. Grande estudioso da Palavra de Deus, tendo lido-a inteira mais de 12 vezes, usava “os causos” para que o anúncio do Evangelho fosse mais eficaz.
“Ele era muito inteligente. Ele trouxe aquelas histórias, o humor, e isso cativou muitas pessoas. Ele pregava a Palavra de Deus, ela era o fundamento da sua pregação, mas ele dava aquela ‘volta’ com os causos, para a pessoa entender a Palavra de Deus”, recorda Luzia.
Entre as muitas qualidades de Padre Léo, ela conta que ele vivia com muita simplicidade e discrição. “Não gostava de bajulação. Ele pregava a Palavra de Deus com destemor, mas era muito sóbrio com isso. Ele vivia uma vida reservada. Não tinha a vaidade de ser enaltecido, de ter honras. Era humilde”.
Outra qualidade que Luzia destaca era sua originalidade. “Bastava ver suas camisas. Ele mandava fazer aquelas camisas diferentes e se vestia do jeito que achava bonito. Não tinha as vaidades de alguém que quer estar na moda”.
Luzia destaca ainda que Padre Léo sempre foi muito generoso, atencioso, amoroso, disciplinado até ao comer – fazia apenas as três principais refeições do dia –, era fiel, muito trabalhador, orante e também muito sincero. “Para ele, era sim, sim. Não, não. Ele gostava da verdade (…) Padre Léo deixou muitos exemplos de como sermos pessoas melhores”.
Sobre o processo de beatificação
“Eu quero muito que a beatificação do Padre Léo aconteça”, afirma Monsenhor Jonas, só que é preciso haver discrição, destacou. “A Santa Sé não gosta disso, que se fique falando muito, exaltando, é preciso esperar realmente a beatificação. Depois de beato a coisa muda. Então, eu diria: Queremos? Queremos! Mas, vamos com calma, para não atrapalhar todo esse processo, que pode ser atrapalhado pelo nosso ardor”.
Luzia destaca que, quando se convive com pessoas que entregam sua vida a Deus e percebe-se a transformação gradual que vai acontecendo em suas vidas, com uma conversão profunda e mudança de valores, aquela pessoa não é só um exemplo, mas um testemunho de vida muito forte.
“Foi isso que aconteceu com Padre Léo. Quem não conhece a última pregação dele, o último momento com o povo: ‘Buscai as coisas do Alto’, quando nós vimos o Padre Léo ‘transfigurado’. (…) Foi aos poucos, como a vida de todo cristão, de toda pessoa, que vai se entregando a Deus, que vai deixando os vícios, deixando os maus costumes e vai fazendo de sua vida uma vida santa, transparente, uma vida de oração. Uma vida de Palavra de Deus, de renúncias, e o Padre Léo na verdade se transfigurou. Eu digo que, mais do que uma honra, é uma graça muito grande para nós, que convivemos com ele e para a Igreja”, explica.
Luzia diz que são muitos os testemunhos que estão chegando de pessoas que se converteram através das pregações do Padre Léo, e conta que, ainda hoje, pessoas acompanham o conteúdo do padre Léo pela TV Canção Nova e chegam em Cachoeira Paulista querendo encontrá-lo, pensando que ele está vivo.
“Quando dizemos que ele já morreu, elas dizem e escrevem, mas ele fez isso na minha vida, essa graça da minha conversão, na minha família. Essa cura que eu tive. E quantos jovens foram convertidos, que ele começou a acolher em Santa Catarina e depois as várias Bethânia que foram surgindo espontaneamente pelo convite de bispos, de pessoas que enviavam seus filhos para serem recuperados, famílias inteiras… Então, é uma vida de frutos no Espírito Santo, de entrega e abandono a Deus até o momento de sua morte”, exemplificou.
Na Canção Nova
Desde 1999, quando passou a participar assiduamente da Canção Nova, Padre Léo realizou 257 pregações. A primeira foi “Os caixotes das drogas”, no dia 26 de junho de 1999, e a última “Buscai as coisas do Alto”, no dia 9 de dezembro de 2006.
O sacerdote têm 28 livros publicados nas editoras Loyola e Canção Nova, sendo que seis foram publicados após sua morte. Ele lançou ainda o CD “Cantando a vida”, em 2002. A Editora Canção Nova também lançou o DVD “Aprendendo com as histórias do Padre Léo”, volume 1 e 2, com as histórias engraçadas contadas por ele nas pregações.
A TV Canção Nova exibe ainda hoje as pregações do Padre Léo, no programa “Buscai as coisas do Alto”, das 21h às 22h, e a Rádio Canção Nova veicula durante sua programação “A Boa do Dia” com pequenos trechos de suas pregações.