DESAFOGAR

Pacientes do SUS poderão ser atendidos pelos planos de saúde

O ministro da Saúde assinou uma portaria que oficializa a medida de transformar dívidas que os planos de saúde tem com Sistema Único de Saúde em atendimentos. A determinação tem o objetivo de desafogar a fila no SUS para consultas com especialistas.

Reportagem de Aline Imercio e Antônio Matos

Hospital das Clínicas em São Paulo. Aqui passam mais de 40.000 pessoas por dia, muitos de outras cidades. É o caso de seu Jorge, que vem de Sorocaba para tratar o câncer de pulmão pelo SUS. “Ah, não é muito fácil não, porque eu sou de Sorocaba, chegou lá em Sorocaba, é uma luta, mas graças a Deus eu tô me tratando aqui há três anos já”, contou o cozinheiro industrial, Jorge Carlos Berto. 

Dona Odelita vem de Atibaia para passar no reumatologista. “Aqui foi onde eu fui abaixo de Deus, eu fui curada aqui. Porque não lá não tem muito recurso e aqui eu achei o recurso”, disse a paciente, Odelita Almeida.

Para melhorar a oferta por especialidades e diminuir as filas do Sistema Único de Saúde, o Governo Federal anunciou ontem que a partir de agosto os pacientes do SUS poderão ser atendidos nos planos de saúde. A medida faz parte de uma proposta do Ministério da Saúde para a rede particular no ressarcimento de dívidas. As dívidas dos planos de saúde com o SUS correspondem a atendimentos realizados pelas redes públicas e não por planos contratados.

A ideia é que inicialmente 750 milhões de reais dessas dívidas possam ser revertidos para o tratamento em redes de planos de saúde para quem está na fila do SUS. “A gente tem muita dificuldade de recuperar essas dívidas. Nós estamos transformando essas dívidas em mais cirurgias, mais exames, mais consultas especializadas e menos tempo de espera para quem está guardando isso”, explicou o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Em nota, a Associação Brasileira de Planos de Saúde disse que vê com entusiasmo a possibilidade das operadoras oferecerem atendimento à população do SUS como forma de quitação de dívidas de ressarcimento ao sistema público e que a medida é importante para a construção de soluções conjuntas do sistema público e privado de saúde.

“A gente sabe que o SUS não tem a capacidade de absorver todo o movimento. Trabalho na Santa Casa há muitos anos. Realmente lá a gente tem uma fila enorme. A gente não tem condição de atender todo mundo no tempo que deveria ser o ideal. Então, muitas vezes a gente espera para operar um câncer dois meses, entendeu? Três meses às vezes. Isso é muito ruim. Então, eu acho que é uma medida boa do governo isso. Eu acho que vai dar uma boa desafogada nas filas”, concluiu o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antônio José Gonçalves.

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