Segundo o INCA, 13% dos casos de câncer de mama em 2020 poderiam ter sido evitados no país com a prática de atividades físicas
Thiago Coutinho
Da redação
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, em 2020, 13% dos casos de câncer de mama poderiam ter sido evitados no país com a prática de atividades físicas. O sedentarismo foi um dos fatores associados ao câncer de mama em 8 mil brasileiras no ano passado. Um alerta nesse Outubro Rosa, o mês de prevenção ao câncer de mama.
Para o oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é importante que haja campanhas que incentivem a prática regular de atividades físicas. “As corporações podem reforçar essa estratégia estimulando as trabalhadoras para exercícios físicos e também para o exame periódico da mama. Isso já vem ocorrendo em algumas companhias e pode ganhar mais força com maior participação das empresas”, afirma.
Amamentação e autocuidado
Embora não seja considerado pelo especialista um fator de risco, Mello adverte que mulheres que não amamentam podem não estar tão protegidas contra o câncer de mama. “A amamentação permite ampliar a proteção contra o câncer. No caso das mulheres que não amamentam, elas terão uma redução significativa dessa proteção”, explica.
O autocuidado por parte das mulheres com relação ao seu corpo é também outro item importante quando se trata da prevenção contra o câncer. A mamografia, especificamente, é muito importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama, ampliando significativamente as chances de bons resultados quando os tumores são diagnosticados no seu início. O Ministério da Saúde recomenda que a mamografia deve atender as mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos, mesmo quando não há sinais e nem sintomas suspeitos. “Mulheres, porém, que contam com histórico familiar de câncer de ovário e câncer de mama entre parentes devem redobrar a atenção”, ressalta.
Ainda segundo o médico, a oncologia vem investindo em novidades no rastreamento da doença. “Outro importante avanço é o uso de novas ferramentas de diagnóstico, que já permitem realizar o rastreamento oncológico, técnica indicada para mulheres entre 40 e 50 anos de idade. Esse conjunto de métodos ajuda o diagnóstico precoce do câncer ou lesões pré-cancerosas”, detalha Mello.
Importância do check up periódico
Um dado revelado por Mello é que 90% dos casos de câncer de mama são percebidos pelas próprias mulheres — sejam manifestações do tumor, que podem apresentar nódulos fixos e, em sua grande parte, indolores. E o médico avisa: o diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento seja bem sucedido. “Mesmo para as mulheres sem histórico familiar ou sem outros riscos, o check up deve ser realizado periodicamente”, reitera.
Mulheres entre 50 e 69 anos podem realizar a mamografia junto ao SUS a cada dois anos, segundo o Ministério da Saúde. E este exame deve ser realizado independente da existência ou não de suspeitas. Para outras pacientes é indicado um programa de rastreio a fim de ajudar na prevenção da doença.
Algumas mulheres, segundo Mello, podem apresentar alterações no bico do peito, pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço. “O aparecimento de líquido anormal saindo dos mamilos também precisa ser investigado por um especialista”, finaliza.