Tempo mais seco característico do outono e contato com pessoas infectadas aumentam as chances de contágio desta infecção que atinge os olhos

Thiago Coutinho
Da redação

Os olhos são órgãos muito sensíveis e estão sempre expostos ao ambiente. Uma doença muito comum, especialmente nas épocas mais frias do ano, é a conjuntivite. Trata-se de uma inflamação da conjuntiva (membrana transparente e fina que reveste a parte da frente do globo ocular ou o conhecido branco dos olhos).

“As conjuntivites têm origens diferentes e, de acordo com estas distintas origens, seguirá uma tendência terapêutica também distinta”, explica o oftalmologista Henrique Sid.

A conjuntivite alérgica, por exemplo, exige derivados de corticoides. “Tanto os antialérgicos, como os hormonais e os não-hormonais, são usados neste tipo”, esclarece o médico. “Nas bacterianas, o combate é feito por meio de antibióticos. Nas virais, há uma divisão entre dois grupos: leves, que vêm de gripes e resfriados, que causam secreção e um pouco de incômodo, pedimos ao paciente para lavar com água e usar lubrificantes. Já nos vírus mais agressivos, como os adenovírus, lançamos mão de um tratamento mais forte. São usados colírios de corticoides e se mantém a ideia de se lavar com água filtrada para remover essa secreção. Por fim, a conjuntivite causada por traumas, a ideia é fazer uso de lubrificação e compressas frias”, detalha.

Doença sazonal

A conjuntivite é uma doença que pode se manifestar com mais frequência em determinadas épocas do ano. “Pode haver um favorecimento da doença em um determinado clima, em uma determinada época do ano”, afirma Sid. “A conjuntivite primaveril atinge o ser humano durante a primavera, pois o pólen acaba tendo um fator alérgico especificamente nesta época do ano”. 

Nas outras estações — verão, outono e inverno — também há variações. “Dependendo do tipo do agente causador, teremos características diferentes, provocando um acometimento maior ou menor das pessoas, podendo chegar, inclusive, a um caráter pandêmico”, diz Sid.

No outono, em que o tempo começa a ficar mais seco, a dispersão dos poluentes podem causar conjuntivite. “De qualquer forma, todos esses agentes, virais ou alérgicos, podem acometer de forma diferente nas várias épocas do ano”, reitera o oftalmologista.

Contágio

Dependendo da origem, a conjuntivite pode ou não ser contagiosa. “As virais e bacterianas são contagiosas”, assegura o médico. “As bacterianas, que têm como característica aquelas secreções amarelas e purulentas, o contágio se dá pelo toque, seja pela roupa ou contato físico”, detalha.

Nas conjuntivites virais, o contágio é ainda mais fácil. “Por isso, é importante se lembrar de que quando estamos frente a frente com uma pessoa que está com os olhos vermelhos e desconhecemos a origem desta irritação, é mais seguro manter alguma distância”, observa Sid.

A conjuntivite viral pode ser transmitida simplesmente pela fala. Por isso, evitar ambientes fechados é primordial para não se contagiar. Ainda segundo o médico, boas noites de sono, alimentação equilibrada, pouco açúcar no sangue e um sistema imunológico em dia são imprescindíveis para não se contrair a doença. “A conjuntivite bacteriana pode ser transmitida mesmo que você tenha uma boa imunidade, mas as virais, no sentido de contágio, são mais difíceis de serem contraídas com uma boa imunidade”, reforça.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que 50 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de distúrbio ocular. Essas doenças, porém, seriam facilmente evitadas se fossem cuidadas com antecedência. Manter a periodicidade nas visitas ao oftalmologista é fundamental para isso.

Um dado interessante apontado pelas autoridades sanitárias do país: os cuidados higiênicos tomados para se evitar o vírus responsável pela Covid-19 — como manter as mãos sempre limpas, utilizar álcool gel, etc. — podem ter ajudado a diminuir os casos de conjuntivite.

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