Especialista apresenta balanço sobre obesidade infantil e dicas de como tratar a doença
Ana Lúcia Vilela*
No último dia 3, foi celebrado o dia da conscientização contra a obesidade mórbida infantil. A obesidade infantil é o excesso de peso entre bebês e crianças de até 12 anos de idade. A criança é identificada como obesa quando seu peso corporal ultrapassa em 15% o peso médio correspondente a sua idade. É uma condição em que o excesso de gordura corporal traz problemas de saúde ou bem-estar de uma criança como diabetes, problemas cardíacos e a má formação do esqueleto.
O diagnóstico da obesidade é muitas vezes baseado no índice de massa corporal (IMC).
Já são cerca de 35% das meninas e 32% dos meninos que sofrem com a obesidade, nos últimos 40 anos o número de crianças obesas no mundo triplicou.
Cerca de 15% das crianças e 8% dos adolescentes brasileiros sofrem de problemas de obesidade, sendo que oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta. Além dos maus hábitos alimentares, do sedentarismo e da predisposição genética há também outro grande aliado: a negligência e o mau exemplo por parte dos pais.
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Conhecendo as causas
Como causas da obesidade infantil podemos falar do consumo exagerado de alimentos ricos em gordura e em açúcar, o sedentarismo, distúrbios hormonais e doenças genéticas. Além disso, em algumas situações a obesidade está relacionada a fatores psico-comportamentais.
Nem sempre as crianças obesas ingerem grande quantidade de comida, mas em geral as crianças obesas usam alimentos de alto valor calórico, que não precisam ser em grande quantidade para causarem aumento de peso. Como exemplo podemos citar batatas fritas e sanduíches (hambúrguer e misto-quente) comuns no lanche das crianças. Elas costumam imitar os pais e assim, se os pais têm hábitos alimentares errados, acabam induzindo seus filhos a se alimentarem do mesmo jeito.
Os recursos tecnológicos (computadores, televisão e videogames), assim como a violência fazem com que as fiquem mais dentro de casa sem praticar atividades físicas como correr e jogar bola. Esta situação é preocupante para o desenvolvimento da obesidade.
As crianças também podem ser vítimas de ansiedade, causado, por exemplo, por preocupações em semanas de prova na escola ou pela tensão do vestibular, ou até mesmo por problemas familiares. A ansiedade os faz comer mais. É um comportamento compulsivo, sem fome.
A nossa cultura que faz com que as próprias crianças excluam os gordinhos de várias brincadeiras, só leva a criança ou adolescente a piorar este comportamento.
Estudos afirmam que crianças que dormem pouco têm uma maior probabilidade de sofrer com aumento de peso, mesmo controlando outros fatores de risco. A cada hora de sono, a chance da criança se tornar obesa em um futuro próximo é diminuída consideravelmente.
A obesidade pode ainda ter correlação com variações hormonais tais como: excesso de insulina; deficiência do hormônio de crescimento; excesso de hidrocortisona e estrogênios.
Algumas pesquisas já revelaram que se um dos pais é obeso, o filho tem 50% de chances de se tornar gordinho, e se os dois pais estão acima do peso, o risco aumenta para 100%. Há, ainda algumas síndromes genéticas que têm como característica a obesidade.
Consequências
O excesso de peso afeta a imagem corporal da criança, prejudicando também a forma de pensar a respeito de si mesma, mudando seus comportamentos, se sentindo discriminada, tendo isolamento social.
Também pode levar à diabete e doenças cardiovasculares. Assim devemos sempre ter em mente que a obesidade é uma condição de saúde complexa que possui vários fatores de risco que devem ser avaliados e controlados.
Não podemos esquecer que o mais importante é estar bem conosco mesmos e que ter um corpo saudável depende do equilíbrio físico e emocional.
*Ana Lúcia Vilela é Medica graduada pela UFRJ, Especialista em Clinica Medica pela UERJ e Especialista em Geriatria pela SBGG/ AMB. Atua como Geriatra do INTO. Preceptora em psicogeriatria no CPRJ.