Live de lançamento da Campanha Amazoniza-te aconteceu nesta segunda-feira
Da redação
Nesta segunda-feira, 27, aconteceu a live de lançamento da Campanha “Amazoniza-te”, que propõe ações concretas no cuidado com os povos da Amazônia.
Na live, foi divulgado o hotsite da campanha com materiais de apoio, manifestos políticos das organizações e um compilado de estudos sobre a realidade da Amazônia para fundamentar ações e posicionamentos. A campanha traz uma série de vídeos com depoimentos das populações tradicionais da Amazônia que dialogam com o alerta assumido também por artistas de expressão nacional e internacional.
O bispo da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Krautler, abriu a live e falou sobre o tema da Campanha:
“Amazoniza-te é sinônimo de sensibiliza-te, tomar consciência, acordar antes que seja tarde demais. A responsabilidade é de todos nós, e ultrapassa as fronteiras do Brasil (…) é a súplica insistente para a responsabilidade. (…) Em nome da Comissão Episcopal para a Amazônia, agradeço de coração a todas as entidades nacionais e internacionais que colaboram com essa campanha e se mostram sensíveis à causa da Amazônia. Vamos juntos lutar pela Amazônia. Seus povos merecem nosso empenho e nosso engajamento.”
Várias entidades estão unidas na Campanha, orientadas pela escuta dos clamores e esperanças. Além da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), atuam na Campanha o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), Mídia Ninja e Movimento Humanos Direitos (MHuD).
A secretária executiva da Repam- Brasil, Irmã Maria Irene Lopes, falou sobre o Sínodo da Amazônia, lembrando que o próprio Papa Francisco fez ecoar a necessidade dos povos da Amazônia. “Agora é a hora de dar atenção à Amazônia e a seus povos”, lembrou.
A secretária frisou que campanha Amazoniza-te se estrutura a partir de três eixos: “a vulnerabilidade dos Povos Indígenas e comunidades tradicionais à contaminação pelo novo coronavírus, com destaque para a debilidade no atendimento e estrutura dos equipamentos públicos de saúde nos estados e municípios da região, aquém das condições de outras regiões do país; a aceleração da destruição do Bioma pelo aumento descontrolado do desmatamento, das queimadas, a invasão de territórios indígenas e das Comunidades Tradicionais pela grilagem, mineração, garimpo, pecuária e plantio de monoculturas, e pelos efeitos das hidrelétricas sobre as populações ribeirinhas; e a violação sistemática da legislação de proteção ambiental”.
Em sua participação, o presidente da CNBB, Dom Walmor Azevedo, disse da alegria de participar do lançamento da Campanha, e reforçou a importância da Amazônia por seus povos tradicionais, seus biomas, e pela fé cristã nela plantada.
“Quando nós dizemos ‘Amazoniza-te’, colocamos no coração e na cabeça um novo verbo, e isso me reporta a um conceito que quero retomar, de alteridade- o outro-.”
Dom Walmor lembrou que, mesmo estando no Sudeste, é possível se “amazonizar’ através de um caminho dinâmico de alteridade em que se contracena com o outro:
“O sentido de alteridade me dá a possibilidade de, não sendo da Amazônia, não estando lá, amazonizar-me. E assim para qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, especialmente no Brasil, fica esse convite. É importante pensar em alteridade, porque a comunidade só existe, a sociedade só se constrói quando há a participação do outro, e de todos. (…) O convite ‘Amazoniza-te’ é para abrir o coração, para não passar por cima da comunhão e do diálogo.”
Foram apresentados números e dados sobre as questões da Amazônia, referente aos desmatamentos, incêndios, e ao contágio do coronavírus na região.
Ao final, o assessor da Repam, Padre Dário Bosi, falou sobre os materiais que estarão disponíveis no site:
“Os materiais principais que utilizaremos serão pequenos vídeos, curtos, em várias línguas, que porão em diálogo os povos da Amazônia com o Papa Francisco e a Igreja, e também como vimos hoje, com o mundo dos artistas, dos pesquisadores e dos cientistas. Para dizer que este verbo tem a ver com todos nós.”
O sacerdote frisou que no site amazonizate.org os usuários poderão encontrar os vídeos, carta dos bispos, estudos científicos e propostas de ação, inclusive com um calendário que será atualizado periodicamente, com a continuidade das propostas para os fieis e pastorais.
Amazoniza-te
O neologismo ‘amazonizar’ foi usado, pela primeira vez, em 1986 em uma carta pastoral do então bispo da diocese de Rio Branco, no Acre, Dom Moacyr Grechi. Na ocasião, o bispo convocava o povo a assumir a causa da Amazônia e a defesa de seus povos. O verbo tem sido utilizado amplamente quando se pretende tratar da defesa da Amazônia. Durante o processo do Sínodo para a Amazônia, a expressão Amazonizar também foi muito utilizada e popularizada. É esse o sentido que a campanha propõe, mais do que conjugar o verbo amazonizar, torná-lo uma expressão pessoal, um chamado a todas as pessoas a se amazonizarem.