Artigo Frei Moser

Novas armas para combater a AIDS?

Quando, no decorrer da década de 1980, a epidemia da Aids ganhou proporções assustadoras, um lema foi se impondo como uma espécie de alerta geral: "A Aids mata". E, de fato, ela já matou milhões de pessoas e milhões de outras estão contaminadas pelo terrível vírus do HIV.

Houve um período no qual se pensava que ele se expandia mais entre pessoas homossexuais ou entre os mais jovens; mas logo ficou claro que as ameaças pairam sobre todos, homo e heterossexuais, homens e mulheres, jovens e pessoas maduras, ricos e pobres.

Tudo isso fez com que, por parte de todos os segmentos da sociedade, fosse se impondo um outro imperativo complementar: "previna-se". Em decorrência disso foram indicados vários expedientes: para uns a prevenção consistia simplesmente em usar preservativo. Pouco a pouco, até mesmo em setores não ligados à Igreja, a tônica passou a ser: "Evite relações promíscuas", como caminho mais seguro.

O avanço da medicina foi abrindo novas perspectivas; se não de cura, ao menos de controle da Aids através de medicação cada vez mais apropriada. Foi desta forma que se chegou aos célebres "coquetéis", que, apesar de caríssimos, mostram eficácia, prolongando em muito a vida do paciente e diminuindo seus sofrimentos. Mas todos percebiam que isso ainda era pouco, não bastava. As esperanças passaram a ser colocadas em vacinas ou em procedimentos resultantes dos avanços biogenéticos e biotecnológicos.

Os jornais deste 11 de novembro trouxeram grandes manchetes carregadas de esperanças, anunciando que a engenharia genética entrava em ação para produzir uma nova e poderosa arma. Estariam sendo criadas em laboratório supercélulas capazes de exercer eficazmente uma dupla função: a primeira a de detectar as artimanhas do vírus HIV, especialista em esconder seu jogo para fugir dos mecanismos de defesa naturais. A segunda é a de reforçar as defesas naturais, de tal forma que, mesmo que ainda não se consiga eliminar o vírus, ao menos se conseguiria reduzir seu potencial destrutivo. Como estas "células assassinas" podem ser multiplicadas aos milhões, elas se apresentam como um verdadeiro exército para eliminar ou o menos intimidar o inimigo.

Embora ainda não tenha ficado muito claro o processo da produção dessas supercélulas, é óbvio que, em princípio, nos encontramos diante de uma boa notícia. Aliás, nisto todos os setores da sociedade concordam: diante destes milhões de seres humanos contaminados, a única atitude adequada é prestar todo tipo de assistência para minorar seus sofrimentos e ajudá-los a se integrarem na sociedade.

Ademais, na medida em que forem esclarecidos os processos e confirmados os resultados, esta boa notícia poderá apresentar um alcance maior do que se poderia pressupor à primeira vista: estaria revelando, uma vez mais, que o conflito entre ciência e fé não se localiza nos verdadeiros progressos, resultantes de pesquisas levadas adiante e pautadas pelas conhecidas normas éticas.

Contudo, ao mesmo tempo em que se deve saudar tais avanços, como sendo uma boa notícia, convém lembrar que eles terão pouca serventia se não houver avanço de comportamentos sexuais. Caso contrário estaremos procedendo como certas pessoas que tomam "preventivamente" o coquetel pensando estar se imunizando.

O vírus do HIV é sabidamente muito esperto para vencer todo tipo de barreiras. Só não consegue nada contra aquelas pessoas que vêem na Aids um sinal dos tempos: todos precisam ser mais responsáveis em seus comportamentos, mormente os sexuais, dom precioso de Deus, mas que deve ser administrado com sabedoria.

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