No último dia do mês de novembro o acontecimento anunciado em meu último artigo se concretizou: a ANEC (Associação Nacional de Educação Católica) elegeu a sua diretoria de transição que irá gerir os destinos da entidade no ano de 2008. Ela nasce como a fusão da AEC (Associação de Educação Católica), ABESC (Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas) e ANAMEC (Associação Nacional das Mantenedoras das Escolas Católicas).
Já nasce grande e com grande responsabilidade: de trabalhar em prol da Escola Católica que, além do ensino de qualidade, transmite valores importantes para o homem de hoje.
Uma das maiores missões da entidade será realmente esta: ajudar tanto a Igreja do Brasil, através da CNBB, assim como as próprias escolas a se situarem nesse momento de mudança de época que vivemos e que necessitamos de pessoas bem formadas e conscientes de sua missão na sociedade hodierna. Pessoas corajosas que, respeitadas pela capacidade intelectual, o são também pela vida, pela ética, pela moral.
Nesse tempo de tanta carência de valores e tantos desvios em todos os campos é um trabalho gigantesco. Porém, a nova entidade nasce como sucessora de outras que tiveram (uma) a tradição de lutar por esses mesmos ideais e viram que foi possível conseguir atingir o objetivo desejado.
Mas vivemos também tempos políticos e de informações difíceis, quando nem sempre a escola confessional é bem-vinda em alguns meios que definem ou interpretam leis com relação à educação. As nossas escolas sofrem, muitas vezes, de asfixia imposta por aplicações de legislações que não levam em consideração a vocação de fazer o bem voluntariamente de nossa tradição católica. Várias leis levaram a uma mudança radical do panorama social, cultural, educacional, sanitário e ético nos últimos tempos, quando notamos que nossos relacionamentos foram conduzidos para uma maior desesperança e crescimento da violência.
A ANEC nasce para aprofundar, discutir esses assuntos para o bem do futuro do nosso país que, infelizmente, ainda ocupa um dos últimos lugares na questão da educação, como vimos no noticiário desta semana. A tradição católica de oferecer reflexões e ajudar a pensar a questão da educação pode ser uma forma de encontrar caminhos novos nesse emaranhado de situações em que nos encontramos.
A visão financeira que ora vivemos não leva em consideração as necessidades do nosso povo, mas simplesmente a preocupação com a arrecadação cada vez maior, mesmo à custa da saúde, educação, desemprego, violência. A cada fato que comove a sociedade assistimos às tentativas de soluções “emergenciais”, que se dissolvem depois que passa o momento de comoção. Temos exemplos de países que saíram da situação social em que estavam porque souberam aplicar fundos na educação e souberam deixar também a liberdade para que os que conhecem a missão pudessem fazê-lo com mais economia e eficiência. Sim, os custos e a eficiência deveriam ser discutidos quando tratamos desse assunto.
A ANEC nasce com grandes desafios e congregando mais de 400 mantenedoras e muito mais de 1.000 mantidas que faziam parte da ANAMEC, e com a experiência de mais de meio século da AEC e ABESC. Nasce com a esperança de tempos novos e com uma unidade incrível, como vimos em sua primeira Assembléia Geral eletiva. A partir do primeiro minuto do primeiro dia do ano de 2008 começa a funcionar a nova entidade. Rezemos, pois, para que o dom de Deus, o Espírito Santo, conduza os caminhos e as soluções desta nova entidade.
Agradeço aos antigos diretores das três instituições e aos meus antecessores na área da Educação na CNBB, que trabalharam para que essa união se concretizasse: D. Irineu Danelon e D. Aloysio Penna. Coloco para meus irmãos e irmãs essa nova fase, de uma certa forma pedida pelo “Documento de Aparecida”, e que a Educação respondeu rápida e concretamente.
Tenho certeza de que nos ajudarão muito as reflexões que serão feitas pelo seu representante em nossas reuniões episcopais, situando a educação dentro da conjuntura do momento presente a cada encontro nosso.
Ao passado o nosso louvor e o compromisso da continuidade com todos os valores e passos conquistados! Ao futuro a confiança da ação do Espírito Santo em nossa caminhada! E ao presente o nosso abraço e desejo de grandes trabalhos.
D. Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano