Especialista explica como essas dores começam e como previni-las por meio de exercícios e atividades físicas periódicas
Thiago Coutinho,
Da redação
Em termos de diâmetro e comprimento, o nervo ciático é o maior nervo do corpo humano. A dor que o atinge afeta até 40% da população — 4 em cada 10 pessoas experimentaram esse desconforto em algum momento da vida. Pessoas entre 30 e 50 anos são as que mais sofrem com o problema. Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam que, no Brasil, a dor ciática está entre as principais causas de afastamentos temporários ou permanentes do trabalho.
“A dor do nervo ciático se desenvolve por uma compressão das raízes nervosas deste nervo, ou seja, do nervo ciático. O nervo ciático é a junção das raízes lombo-sacras, ou seja, as raízes da região lombar e sacral. Esses nervos vão se juntar e formar o grande nervo ciático que desce pela perna”, explica o neurocirurgião Lucas Vasconcellos.
As dores que acometem o nervo ciático podem ocorrer tanto no lado esquerdo quanto no direito. “E se a compressão for muito grande, pode ocorrer dos dois lados”, alerta Vasconcellos. “A principal causa e mais comum para que isso ocorra são as hérnias de disco da região lombo-sacra, comprimindo o nervo e suas raízes, dando a dor terrível, que é chamada dor ciática. As outras causas são inflamações, tumores, fraturas, instabilidades e deformidades”.
Tem cura
A pergunta mais comum para quem sofre dores do nervo ciático é: tem cura? E, segundo o neurocirurgião, tem. “A grande maioria dos casos tem cura e uma melhora total dos sintomas”, afirma. “É preciso, porém, que o diagnóstico seja feito e que um especialista em coluna trate o caso. A grande maioria dos casos, 95%, são tratados de forma conservadora. Ou seja, reabilitação, medicamentos e orientações médicas. Já os outros 5% precisam de cirurgia. E nesses casos, hoje, com os tratamentos minimamente invasivos, com as próteses de disco, a cura é total. Ou seja, há uma melhora completa da dor na grande maioria dos casos”, analisa.
No entanto, se o incômodo causado por essas dores perdurar por muito tempo, a chance de cura se torna menor. “Por isso, sempre que tiver a dor ciática, é um sinal de alerta e obrigatório a procura de um médico especialista para o diagnóstico e o tratamento correto”, recomenda Vasconcellos.
Ginástica laboral
Quem trabalha por longas horas sentado pode desenvolver problemas com relação ao nervo ciático. “Quem fica sentado por longas horas na pior posição, as chances de desenvolver hérnia de disco são maiores”, adverte Vasconcellos. “A posição fletida e sentada gera impacto e compressão do disco intervertebral, aumentando o desgaste, aumentando a inflamação, sua degeneração e possível hérnia”.
O ideal é que as empresas invistam mais na ginástica laboral — ginástica realizada no trabalho, composta por exercícios de curta duração com técnicas de respiração, alongamento e correção de postura — e equipamentos adequados. “Investir em equipamentos para que os profissionais possam trabalhar de forma adequada, como boas cadeiras, com uma boa ergonomia e com os seus equipamentos e seus computadores na altura do olhar, para diminuir o impacto e melhorar esta postura, evitando assim outros desgastes”, afirma o médico.
Além dessas medidas, o neurocirurgião aconselha ainda que o trabalhador se movimente de hora em hora, alongue-se ou faça alguma atividade física curta ao longo da sua jornada.
Esportes de alto impacto
Muito em voga atualmente, o Crossfit — modalidade que envolve exercícios aeróbicos, calistênicos e levantamento olímpico — tem arregimentado uma legião de praticantes. Conhecido também por ser uma atividade de alto impacto, a prática traz muitos benefícios, mas é preciso um olhar cuidadoso para quem tem problemas com o nervo ciático.
“Essas atividades podem ser praticadas por pacientes com propensão ou com problemas em relação ao nervo ciático”, assegura Vasconcellos. “Mas esses pacientes precisam ser orientados para que essas atividades sejam feitas de maneira moderada. Especificamente sobre o crossfit, é preciso evitar grandes pulos ou grandes cargas”, sugere.
Mas é importante que alguma atividade física seja realizada, pois é assim que se evitam diversos problemas de saúde, inclusive a hérnia de disco. “Se o paciente não é sedentário, se pratica atividades físicas pelo menos três vezes por semana, a chance de desenvolver uma hérnia é pequena”, finaliza.