Dia de Finados

“Não se pode lidar com a morte apenas quando ela chega”, diz psicólogo

Especialista avalia que juventude atual lida com negação em relação à morte

Denise Claro
Da redação

“Não podemos pensar em lidar com a morte somente quando ela chega. Precisamos sempre trabalhar a ideia de finitude da vida”, explica Adriano Gonçalves / Foto: Arquivo Canção Nova

Nesta sexta-feira, 2, a Igreja celebra a Solenidade de Finados. A data sucede a festa de todos os Santos, e foi criada justamente devido a isso. A criação do dia é atribuída a Santo Odilon, que deduziu que, do mesmo modo que havia um dia de celebração dos já canonizados, deveria haver uma data para se rezar pelos mortos em geral. A Igreja oficializou a celebração em 1311 e, em 1915, Bento XV estendeu a solenidade a toda a Igreja.

O costume de orar pelos mortos é uma realidade desde os primeiros tempos do cristianismo e foi conservado pelas comunidades cristãs. O psicólogo Adriano Gonçalves lembra que a morte é essa passagem, o fim da existência corporal do homem, e deve ser tratada com naturalidade, sendo abordada durante todas as fases da vida:

O psicólogo Adriano Gonçalves lembra que a morte deve ser tratada com naturalidade, sendo abordada durante todas as fases da vida / Foto Arquivo Canção Nova

“Não podemos pensar em lidar com a morte somente quando ela chega. Precisamos sempre trabalhar a ideia de finitude da vida. A vida é finita. A gente precisa trabalhar a realidade que a pessoa está aqui agora do meu lado e a qualquer instante ela pode não estar. A eternidade só existe no pós-morte.”

A juventude nega a morte

O psicólogo avalia que a juventude atual não é preparada para lidar com a morte, e se preocupa:

“A juventude de hoje tem lidado com a morte com negação. É próprio da juventude pensar na imortalidade. Basta olhar os grandes filmes que permeiam a juventude: ‘Série Crepúsculo’, ‘The Walking Dead’, séries em que parece que não vai acontecer uma morte, que a gente vai ficar eterno. Há uma negação, e isso é muito prejudicial, porque não me faz viver bem o presente.”

Abordagem

O especialista lembra que os indivíduos que pensam na morte de forma natural, quando são surpreendidos pelo falecimento de alguém próximo, questionam “que vida eu estou vivendo?”. E lembra que trabalhar isso com a juventude é muito necessário.

Ele defende que se deve abordar a morte com a juventude, mas não abordar a morte em si, mas a ideia de que o ser humano é finito.

“Ensinar a pensar: ‘Que legado eu vou deixar? Uma vez acabando a minha existência, como serei lembrado?’ A resposta é: pela qualidade da vida bem vivida. Tem um autor que eu gosto muito, Winnicott, que diz que ‘no dia da minha morte eu quero estar vivo’. Eu quero estar vivo para poder morrer. Tem muitas pessoas que vivem a vida como se tivessem morrido”, alerta.

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