Com o isolamento social, pai conta como tem sido sua rotina com o filho e como será celebrar o Dia dos Pais nesse contexto
Kelen Galvan, com colaboração de Jéssica Marçal
Da Redação
Este ano, o Dia dos Pais será diferente para muitas famílias. A data celebrada neste domingo, 9, coincide com o dia em que a Igreja celebra também a vocação da família, no contexto do mês vocacional.
Para alguns pais, profissionais da saúde ou idosos, por exemplo, esse tempo tem sido marcado pelo distanciamento dos filhos em virtude das medidas sanitárias. Para outros, a realidade de ficar em casa durante esta pandemia do novo coronavírus têm sido desafiadora, mas muitos conseguiram fortalecer os laços com seus filhos.
Uma recente pesquisa realizada pela Fundação Canadense de Saúde do Homem (FCSH) apontou que mais de 60% dos pais canadenses disseram ter se aproximado dos filhos por causa da quarentena. Atuante na formação de casais aqui no Brasil, ligado à Pastoral Familiar, o professor, articulista e escritor Robson Oliveira destaca também o fortalecimento de muitos matrimônios e de vínculos paternais e filiais nesse período.
Ele explica que a pandemia, efetivamente, afastou aquilo que atrapalhava os relacionamentos, e o tempo em casa acabou aumentando o vínculo entre pais e filhos. Diante de um cenário difícil e, por vezes triste, imposto pela pandemia, ele atenta para tentar enxergar aspectos positivos em meio às dificuldades. “A ação do homem pode transformar algo ruim em algo bom, nesse caso concreto, parece-me que a pandemia trouxe limões, cabe às famílias com esses limões fazer limonada”, destaca Robson.
Melhores experiências
Raul Zoche, de Matelândia (PR), fez essa experiência. Pai de um menino de 5 anos, ele conta que, desde o início da pandemia, deixou de viajar a trabalho, ficando praticamente em casa com a família. Atualmente, trabalha em regime de escala, ficando em casa dia sim, dia não.
“O isolamento social, provocado pela pandemia, permitiu-me ser pai de verdade, está sendo uma das melhores experiências da minha vida”, afirmou. Raul destaca que esse tempo lhe deu a oportunidade de reinventar sua relação com sua família. “E a cada dia que passa, o nosso abraço é mais forte”.
Os dias em casa tornaram-se oportunidades para realizar pequenos sonhos de seu filho, como a “casinha da árvore”, que também era um sonho seu de infância. “Depois, ele quis um paiolzinho pra assar carne em dia de chuva. Graças a ele, eu e minha esposa tomamos a decisão de fazer uma churrasqueira coberta, que vinha sendo adiada há mais de dez anos. Além de tantos outros pequenos momentos que fazem a vida valer a pena e ficarão para sempre em nossa memória”.
Embora conciliar o trabalho em casa com a atenção aos filhos seja uma realidade desafiadora, Raul enfatiza que é um aprendizado valioso. “Ele [seu filho] está aprendendo a entender a importância da relação com o trabalho e nós aprendendo a lidar melhor com as necessidades dele”.
Raul conta que aprendeu com sua avó que o Dia dos Pais e das Mães são todos os dias. “Aprendi que ser pai é estar feliz em ter o filho em primeiro lugar sob qualquer circunstância”.
Maior herança
Robson afirma que os pais precisam ter consciência de que o amor é a maior herança que podem deixar para os filhos, e isso acontece no dia a dia do lar.
Mesmo nas famílias com maiores desafios de relacionamentos com filhos adolescentes ou jovens, é possível reverter os problemas e transformar as relações. “Os pais e mães devem aprender a amar os filhos, apesar das dificuldade que terão. A adolescência e a juventude são momentos de rompimento, de rebeldia, e nesse período é importante novamente reafirmar a segurança dos pais em relação aos seus filhos e seu amor incondicional”, destaca o especialista.
Robson enfatiza que todo relacionamento familiar pode ser restaurado, mas, às vezes, o exercício de transformação é grande, e depende muito de que, primeiramente, o pai e a mãe mude o seu modo de ver as coisas.
“Os filhos são objetos da formação, eles que são formados pelos pais, mas se os pais não são formados, como acontecerá essa formação? De outra forma, os lares são escolas de virtudes, mas se os pais não são bons mestres como os filhos aprenderão? Então, nessa relação de proximidade, de amor, que as famílias são, os primeiros a aprender as regras do amor são os pais”, afirma.
Lições deste tempo
O formador de casais destaca que este tempo de pandemia traz muitas lições para os pais, como o tempo desperdiçado com bobagens, o exagero de trabalho diário e discussões por coisas banais. Para ele, entender que “a vida é um dom” é a maior lição trazida pela pandemia.
“Tudo isso são ensinamentos que a pandemia vem relativizar. Além do mais importante: a vida é um sopro. E aproveitar cada dia com seus filhos e sua esposa é o mais importante”, ressalta.