A declaração da CNBB sobre o momento político do Brasil e o PNDH-3 foram os principais temas da coletiva desta quarta-feira, 12. Participaram o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, o Bispo de Lorena (SP), Dom Benedito Beni dos Santos, e o Bispo de Ponta Grossa (PR), Dom Sérgio Arthur Braschi.
Dom Odilo explicou que a assembleia fez questão de se pronunciar sobre o momento político, visto que “os bispos se reúnem excepcionalmente em Brasília, este ano, também por ser um ano eleitoral e porque a CNBB quer expressar sua opinião sobre questões que ela quer que sejam levadas em conta”.
O cardeal destacou que a declaração reconhece os crescimentos que o Brasil tem alcançado e, até mesmo, o reconhecimento internacional, mas aborda também as “questões que devem ser levadas em conta com mais seriedade, como a reforma política, os projetos que visam construir o futuro mas não levam em conta as situações locais, causando, assim, desequilíbrios sócio-ambientais”.
A declaração manifesta ainda o apoio da Igreja à defesa dos direitos humanos, mas afirma que o PNDH-3, embora tenham aspectos positivos, precisam ser revistos em outros pontos. “Queremos que os direitos defendidos sejam ‘verdadeiros direitos’, e um elemento frágil [do PNDH] é tentar passar por ‘direitos humanos’ algumas pretensões e interesses de grupos particulares (…) Isso precisa ser refletido profundamente, pois direitos tem que ser universais, e não se pode pegar interesses particulares que sejam impostos a todos”, afirmou Dom Odilo.
Na coletiva, ele recordou também a chacina acontecida em São Paulo onde seis pessoas morreram e, apenas, 24 horas depois de uma chacina na zona sul da cidade. O cardeal afirmou que “a Igreja não tem a força civil e militar para defender a vida, mas ela o faz através de sua palavra e postura na sociedade em favor da vida. Defendendo a vida ameaçada em qualquer cirscuntância e, sobretudo, comunicando valores”.
Dom Odilo disse que na nota que divulgou sobre esse ato de violência, fez “um apelo muito sério” para que as autoridades competentes procurem desvendar o mistério e “os responsáveis sejam levados à justiça”. “A impunidade aumenta essa violência”, justificou.
Assembleia e missão continental
Dom Sergio destacou que, ao término dessa assembleia da CNBB, somos convidados à “missão de levar a Palavra de Deus” ao mundo e, “como discípulos de Jesus Cristo, precisamos ser uma presença que vai ao encontro das pessoas com responsabilidade”.
O bispo anunciou que será realizada, este ano, uma Semana Nacional da Missão Continental, com o intuito de aprofundar a formação de pessoas de todo o Brasil no “empenho de ir ao encontro”. “Sentimos a necessidade de que a Igreja esteja mais próxima, sobretudo das pessoas que andam afastadas e não colocam a importância de uma religião na sua vida (…) Nós podemos oferecer o que de melhor um ser humano pode realizar: uma vida mais plena e digna, que só Deus pode nos transmitir e que Jesus, no seu mistério pascal, nos trouxe”.
A Semana da Missão Continental acontecerá na Semana da Pátria (de 5 a 11 de setembro), no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília.
E Dom Beni, enfatizou o “significativo clima democrático” desta assembleia. Segundo ele, durante os 10 dias do encontro foram debatidos temas difíceis que implicaram diversar posições e cada bispo pôde expressar sua opiniao com o respeito de todos. “A assembleia foi um modelo de convivência democrática que a CNBB deu a toda a nação”, disse.
O bispo falou também da importância da convivência entre os bispos, recordando que o Brasil tem o maior episcopado do mundo, e afirmou que o tema central desta assembleia deverá continuar a ser bem debatido e ser melhor desenvolvido na próxima assembleia.
