Especialista detalha os motivos do frio mais intenso nas últimas semanas e previsão de como deve ser o início deste mês
Thiago Coutinho
Da redação
Daqui a algumas semanas, chega ao fim o inverno. Este ano, a estação foi um tanto atípica e com muito calor — ainda que os últimos dias de agosto tenham sido surpreendentemente mais frios. Foram quedas acentuadas na região Sul, Rondônia, Acre e centro-sul do Amazonas, no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, sul de Goiás, além dos estados de São Paulo, sul de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
“Embora os meses mais frios do ano no centro-sul do Brasil, na média, sejam os meses de junho e julho, durante o mês de agosto ainda é comum o avanço de frentes frias que provoquem fortes quedas de temperaturas”, explica o meteorologista Diogo Arsego, do Grupo de Previsão de Tempo do CPTEC/INPE.
O calor fora de época, que foi sentido na maior parte da estação, tem uma explicação: entre os meses de junho e julho, um bloqueio atmosférico dificultou o avanço de frentes frias pelo centro-sul do Brasil. “Dessa forma, os sistemas frontais ficavam restritos a pontos da Região Sul e, em alguns casos, não chegavam nem ao Rio Grande do Sul. Com isso, a massa de ar seco característica desta época do ano dominou grande parte da faixa central do Brasil e os dias foram de pouca nebulosidade e baixos índices de umidade relativa do ar. A ausência de nebulosidade e a umidade baixa contribuem para a maior elevação das temperaturas, o que resultou em temperaturas acima da média para o Sudeste nos meses de junho e julho”, detalhou o especialista.
A previsão, de acordo com Arsego, é de que os primeiros dias de setembro sigam sem grandes variações. “Pelo menos até a primeira quinzena de setembro, os sistemas frontais devem atuar apenas na Região Sul. Desta forma, sobre o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil a tendência é de manutenção de uma condição de tempo seco com temperaturas elevadas para esta época do ano”, afirma.
Variações normais
As diversas variações na temperatura, as características pouco marcantes de cada estação (nem tão frio no inverno, nem tão quente no verão), levantam a questão: teria isto a ver com as mudanças climáticas? Segundo o meteorologista do Grupo de Previsão de Tempo do CPTEC/INPE, a resposta é negativa.
“A variação entre invernos mais rigorosos ou com temperaturas mais elevadas é uma condição natural observada ao longo dos tempos. Da mesma forma, em algumas situações são observados verões com menor ou maior quantidade de chuva nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste”, detalha Arsego. “A climatologia que caracteriza cada estação compreende 30 anos de observações e, desta forma, nesta média de 30 anos incluem-se períodos com características distintas”, reitera.
Tempo seco
Para a agricultura ou para aqueles que sofrem de problemas respiratórios, o mês de setembro pode não ser tão confortável: a previsão é de que o tempo seco prevalecerá.
“O início da estação chuvosa na região central do Brasil, normalmente, ocorre entre o final de setembro e início de outubro e a data de início da estação chuvosa só pode ser prevista mais próxima a esse período”, esclarece o especialista. “Até lá, embora possam ocorrer episódios isolados de chuva, a condição de tempo seco deverá prevalecer o que ainda exigirá mais cuidados”, acrescenta.
O inverno no Hemisfério Sul chega ao fim em 22 de setembro.