Conflitos no Norte do país

Mesmo com ameaças, religiosos assumem defesa da floresta amazônica

A Igreja está sempre envolvida na defesa do meio ambiente e da vida humana e tem um olhar atento para os conflitos agrários no Norte do País. Em entrevista exclusiva ao Canção Nova Notícias, a secretária executiva do Regional Norte 2 da CNBB, Orlanda Rodrigues, falou sobre a impunidade e as ameaças de morte que sofrem os religiosos desta região do Brasil.

Orlanda destacou que os problemas na região amazônica são profundos e tem se alastrado por todo o estado do Pará. Ali, é comum ouvir frases como "este está marcado para morrer", simplesmente porque a pessoa tomou uma postura em defesa da vida e da floresta, explicou.

Acesse
.: PODCAST: Entrevista com Orlanda Rodrigues


Mas, mesmo com medo, "nós não podemos nos calar", afirma Orlanda. "O compromisso em defesa da vida, com o que nos comprometemos no nosso batismo, não nos deixa ficar calados", complementou.

Ela recordou também que a Campanha da Fraternidade deste ano apontou alguns desses problemas e, diante deles, devemos nos questionar o que podemos fazer? "Iremos só participar de eventos, debates? Nós precisamos agir", motivou.

Orlanda denuncia que existe um consórcio entre madeireiros, fazendeiros, mineradoras, que se unem para agredir o meio ambiente e as pessoas, para 'tirar do meio' aqueles que defendem a floresta.  

"Os povos da floresta interagem muito com a natureza. Quando eles derrubam uma árvore porque precisam fazer uma canoa ou sua casa, eles pedem até a proteção divina para derrubar aquela árvore e logo plantam outra no lugar. Isso que deveria acontecer. Mas o 'consórcio' que quer apenas o lucro, usufruir dos meios que Deus colocou nas nossas mãos, eles não veem a vida, apenas querem o lucro", destacou Orlanda.

Ela faz um convite a todos, para que se unam àqueles que defendem a vida e o meio ambiente. "Pedimos que todos se unam a nós nessa luta, que nós nunca tenhamos medo de continuar nossa missão. Que Deus nos dê luzes e força para continuar nessa missão, que Ele nos confiou, de defender essa floresta, que é um bem para a humanidade, e também as pessoas que trabalham aqui".

A secretária executiva afirma ainda que "é preciso ter coragem de denunciar e de cobrar dos poderes públicos mais empenho. Que eles possam ir até o fim nas investigações, apurando as denúncias, indo atrás dos ameaçadores e punindo-os. Porque não pode ficar assim".

O governo decidiu nesta segunda-feira, 30, aumentar a presença da Força Nacional, Polícia Federal, Incra e Ibama na Região da Amazônia, depois do assassinato na semana passada de quatro ambientalistas e agricultores no Pará e em Rondônia.

Mais informações na reportagem de Helen Bernardes

Leia mais
.: Peritos e policiais do Pará vão investigar morte de seringueiros

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo