Presidente Michel Temer decreta a “ação de garantia da lei e da ordem”, com isso, tropas federais passarão a reforçar segurança no Palácio do Planalto
Da redação, com Agências
Milhares de pessoas protestavam nesta quarta-feira, 24, em Brasília contra o presidente Michel Temer e as reformas trabalhista e da Previdência, em tramitação no Congresso Nacional, e foram registrados tumultos entre policiais e manifestantes na Esplanada dos Ministérios.
Todos os ministérios estavam sendo esvaziados por causa de protestos. O prédio do Ministério da Agricultura chegou a ser incendiado.
Portando cartazes com dizeres como “Fora Temer, diretas já” e “Corruptos tirem suas mãos de meus direitos”, os manifestantes foram convocados pelas centrais sindicais para protestar contra as reformas. Diante das recentes denúncias envolvendo Temer, os participantes do ato passaram a pedir a saída do presidente e a realização de eleições diretas para a escolha de seu substituto.
“Temer não pode ficar e estas reformas que tiram nossos direitos não podem avançar. Queremos diretas já”, resumiu o sindicalista da área da saúde de Anápolis (GO) Dorivaldo Fernandes, de 56 anos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, a manifestação reunia cerca de 25 mil pessoas, que caminhavam em direção ao Congresso. Organizadores do protesto falavam em 150 mil pessoas na capital federal.
Bombas de efeito moral foram lançadas por policiais quando alguns manifestantes conseguiram furar um bloqueio montado pela Polícia Militar, que impedia que os manifestantes se aproximassem do Congresso Nacional.
Temer, que já enfrentava baixíssima popularidade antes, viu sua situação política se complicar muito depois da revelação de um encontro com o empresário Joesley Batista, da JBS, no Palácio do Jaburu.
Com o enfraquecimento político de Temer crescem as dificuldades para a aprovação das reformas. A trabalhista já passou pela Câmara e está em comissões no Senado. Mas a da Previdência, que é uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e por isso necessita de três quintos dos votos na Câmara e no Senado, ainda não foi votada pelo conjunto dos deputados.
“Ainda que o Temer caia, nós vamos continuar a defender nossos direitos”, disse o trabalhador no setor químico, em Marília (SP), Aguinaldo Aranha, de 41 anos.
Decreto do Presidente
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou nesta quarta-feira, 24, que o presidente Michel Temer decretou a “ação de garantia da lei e da ordem” e, com isso, tropas federais passarão a reforçar a segurança na região da Esplanada dos Ministérios
O decreto assinado por Temer foi publicado em uma edição extra do “Diário Oficial da União” e prevê o emprego das Forças Armadas entre 24 e 31 de maio. A ordem é assinada pelo presidente, por Jungmann e pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen.
“O senhor presidente [Michel Temer] decretou, por solicitação do senhor presidente da Câmara, a ação de garantia da lei e da ordem e, nesse instante, tropas federais se encontram neste palácio [do Planalto] no Palácio do Itamaraty e logo mais estarão chegando tropas para assegurar que os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes”, anunciou o ministro da Defesa no pronunciamento desta quarta.