O governo americano divulgou nessa terça-feira, 29, que alguns itens não produzidos nos Estados Unidos poderão escapar de tarifas de importação definida pelo País. Na lista, dois produtos brasileiros podem ser beneficiados com tarifa zero.
Reportagem de Aline Campelo e Sanny Alves
Café e manga. Dois produtos típicos da agricultura brasileira e amplamente exportados para os Estados Unidos podem escapar da tarifa de 50% anunciada pelo governo americano.
A informação foi dada pelo secretário de comércio dos Estados Unidos ao declarar que itens não produzidos internamente no país, como esses, podem ter tarifa zero.“Estamos aí aguardando negociações políticas e negociações de entendimento, inclusive porque nós não queremos deixar de fazer a nossa venda para os Estados Unidos”, disse o presidente dos Cafeeiros do Vale do Café RJ, João Machado.
Ainda não há confirmação oficial e essa incerteza tem gerado preocupação no setor produtivo brasileiro. O Brasil é o maior exportador de café do mundo e os Estados Unidos são um dos principais compradores. Produtores no país já calculam possíveis prejuízos caso a sobretaxa se estenda à principal commodity do agronegócio nacional. “O café que é exportado é uma quantidade muito grande, né? O Brasil exporta, o maior exportador do mundo. Então vai sobrar café e a tendência vai ser baixar aqui no Brasil”, apontou o produtor e café RJ, Thiago Garcia.
Este dono de cafeteria em Los Angeles, há 6 anos no mercado, torra seus próprios grãos, mas depende do café brasileiro para criar os blends que vende no atacado. “Não deveríamos ser suscetíveis a todas essas tarifas, porque não podemos cultivar café aqui”, ressaltou o empresário americano, Jon Kinnard.
Os donos de cafeterias agora enfrentam um dilema: repassar o aumento ao consumidor, cortar custos ou comprometer a qualidade.
A alta no produto brasileiro vai ser sentida na xícara dos americanos. “No mercado americano, com a imposição dessas tarifas, o preço do café brasileiro vai ficar mais caro lá e isso pode gerar um impacto inflacionário no mercado de café nos Estados Unidos”, conclui o especialista em agronegócio, José Eutáquio .