Café com o Presidente

Lula acredita na aprovação da CPMF

Entrevista feita pelo apresentador Luiz Fara Monteiro durante o Programa Café com o Presidente

Presidente, a votação da prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) está marcada para amanhã. O senhor acredita que ela será aprovada pelo Senado Federal?

Presidente: Eu acredito que ela será aprovada pelo Senado por duas razões. Primeiro porque eu acho que os senadores são responsáveis, têm preocupações com o Brasil e sabem qual é a finalidade e para que serve a CPMF. Isso me deixa tranqüilo. E também porque eu acho que tem momento em que a gente faz debate, tem momento em que a gente discute, tem momento em que a gente faz oposição, mas tem um momento em que a gente vai votar. E quando as pessoas forem votar, certamente os senadores não pensarão no presidente Lula ou no governo. Pensarão na sociedade brasileira porque 50% do dinheiro da saúde que é repassado para os estados é da CPMF. Isso é que me convence que os senadores irão aprovar a CPMF. É uma questão de responsabilidade e eu estou tranqüilo, estou convencido que, em todos os partidos políticos, a maioria dos senadores querem votar favorável à CPMF. Obviamente que tem pressão de um ou de outro partido político, mas eu acho que o bom senso vai prevalecer. 

Os governadores da oposição, presidente, que são a favor de se aprovar a CPMF estão ajudando? Porque alguns senadores desses partidos estão dizendo que vão votar contra o imposto. Como é que está essa negociação entre governadores e senadores da oposição?

Presidente: Veja, essa é uma coisa normal que está acontecendo, a diferença entre o discurso dos governadores e o discurso de alguns senadores. Veja, todos os quase 6 mil prefeitos do Brasil são beneficiários da CPMF. Os 27 governadores dos estados são beneficiários da CPMF. Todo mundo sabe que o dinheiro da CPMF volta para os estados em forma de benefício, ou seja aposentadoria dos trabalhadores rurais, ou seja saúde, ou seja o Bolsa Família. Portanto essa discordância entre aquilo que é o discurso do prefeito e dos governadores e dos senadores certamente irá se arrumar na próxima terça-feira, quando eles tiverem que votar. Eu estou convencido que o Senado está maduro, está preparado para fazer essa votação, sabendo que não é possível você fazer um corte orçamentário de R$ 40 bilhões. E as pessoas sabem, perfeitamente bem, que isso não causa prejuízo ao presidente da República, ao governo. O resultado disso é prejuízo à população brasileira, sobretudo à parte mais pobre da população. E é isso que me deixa convencido e tranqüilo de que os senadores irão votar favorável.

Quer dizer o governo vai para o tudo ou nada na terça-feira, presidente?

Presidente: Não, não se trata de ir para o tudo ou nada. O governo já fez as negociações, é importante lembrar que o governo aceitou reduzir as alíquotas nos próximos anos. É importante lembrar que o governo aceitou reduzir no imposto de renda até R$ 2.800, para os trabalhadores que ganham até esse salário nós iremos reduzir a CPMF. Mas o governo está disposto a conversar, está conversando, o ministro Guido [da Fazenda, Guido Mantega] tem negociado, outros companheiros do governo tem negociado. Eu acho que nós agora vamos entrar numa reta final. Se alguém tiver proposta nova que as faça, o governo vai estudar cada uma dessas propostas. O que é importante é que esse imposto tem que ser votado tal como ele foi aprovado na Câmara. 

Você está ouvindo o Café com o Presidente, falamos sobre a votação da CPMF. Presidente, programas de saúde e de combate à pobreza são os mais beneficiados pela CPMF. Como é que ficam esses setores sem os recursos do imposto?

Presidente: Eu te confesso que eu não penso na possibilidade de não ter esse imposto. Eu acho que os brasileiros estão vivendo um momento de otimismo muito importante com o Brasil, a situação econômica está boa. Agora, o que é importante saber é o seguinte: os beneficiários da CPMF são as pessoas mais pobres desse país. 

Presidente, nessa viagem o senhor também assinou a ata de criação do Banco do Sul. O que é essa instituição e qual é a finalidade dela?

Presidente: A assinatura da ata significa, no fundo, no fundo, a criação de um banco que tem como objetivo ajudar no desenvolvimento da América do Sul. Nós não podemos ficar dependendo do Banco Mundial ou do FMI (Fundo Monetário Internacional), ou seja, é importante que a gente tenha um banco sul-americano e que a gente possa, junto com outras instituições financeiras, ter os recursos necessários para que possamos fazer os investimentos em infra-estrutura que tanto a América do Sul necessita. Nós precisamos de energia, nós precisamos de telecomunicações, nós precisamos de estradas, nós precisamos de ferrovias para interligar o continente e isso vai ajudar obviamente que todos os países. Por isso que o banco é extremamente importante.

Presidente, para a gente encerrar, então, o senhor está confiante na liderança do governo no Senado, está tudo pronto para votação nesta terça-feira?

Presidente: Eu estou muito confiante, Luiz, estou muito confiante. Acho que é importante o povo brasileiro acompanhar de perto essa votação e eu estou certo que a maioria dos senadores votará favorável à CPMF.

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