Autores das obras, arcebispo de Natal e padre da arquidiocese estiveram na Canção Nova para lançamento dos livros
Júlia Beck
Da redação
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Padre José Pereira e Dom Jaime Vieira, autores dos livros /Foto: Julia Beck-Canção Nova
Dois livros sobre os novos santos da Igreja Católica, os protomártires do Brasil, foram lançados nesta quinta-feira, 26, na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). De autoria do arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, e do pároco da arquidiocese de Natal, padre José Pereira, as obras abordam o martírio dos santos brasileiros recentemente canonizados no dia 15 de outubro deste ano.
“Devocionário dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu” e “O Grito do amor”, são obras respectivas de Dom Jaime e padre Pereira que trazem abordagens diferenciadas sobre os agora santos brasileiros. De acordo com o arcebispo, o livro de sua autoria é simples e conta um pouco da história e dos momentos vividos pelos protomártires. “Proto” segundo Dom Jaime, por ser o primeiro grupo de mártires verdadeiramente brasileiros, contando com os naturalizados.
“Ele [o livro] foi criado para darmos o testemunho do martírio, de pessoas que deram uma prova de amor, não por algo em troca, mas como algo definitivo. (…) O mártir é aquele que sem temor, sem exigir nada em troca, entrega a vida em nome do Nosso Senhor,” afirmou Dom Jaime.
A inspiração para o livro “O Grito do amor”, de padre Pereira, surgiu após o anúncio do Papa Francisco, em março deste ano, 2017, sobre a proclamação dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, como santos, para o mundo inteiro, em uma celebração festiva.
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Arcebispo de Natal, autor do livro “Devocionário dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu” /Foto: Julia Beck/ Canção Nova
A iniciativa do Papa levou padre Pereira, a ser convidado para palestrar sobre o tema. De acordo com o sacerdote, a palestra, dividida em “Martírio”, “Fé” e “O Grito do Amor”, foi a principal motivação para a escrita. “Depois dessa palestra, senti que tinha algo a mais a ser escrito, então pedi inspiração e força a Deus, para escrever o livro informativo e formativo sobre os santos mártires”, comentou.
O livro de padre Pereira dá ênfase ao testemunho de Matheus Moreira, leigo pertencente ao grupo de protomártires, que morreu proclamando a glória do santíssimo sacramento, ato que deu nome à obra.
O arcebispo Metropolitano de Natal acredita que os livros auxiliarão na compreensão popular de quem foram e o que fizeram os Protomártires. “Diante da canonização, seria uma oportunidade ímpar, para que as pessoas possam conhecer a história, a vida e o testemunho dos mártires”, afirmou.
O Rio Grande do Norte e o Brasil após a canonização
“A Igreja está em festa, o nosso Rio Grande do Norte está em festa e se enchendo de esperança por dias melhores”. A frase de padre Pereira é referente à repercussão local e nacional dos novos santos brasileiros, que para Dom Jaime, já trazem e trarão muitos frutos para a Igreja no Brasil e no mundo.
“Estamos vivendo uma crise nacional de segurança, econômica, social, de valores. Os nossos mártires são sinais de esperança por dias melhores. Homens que morreram por uma verdade, em meio a tantas mentiras que encontramos no mundo. Hoje nossos mártires são sinais de verdade”, afirmou o pároco da arquidiocese de Natal.
“Nós estamos em um período em que precisamos de referências eloquentes, aí está um sinal do martírio. (…) Tertuliano [autor das primeiras fases do Cristianismo] dizia, que o sangue dos mártires é semente de novos cristãos. Precisamos fazer com que o testemunho dos mártires de Cunhaú e Uruaçu sejam referência que nos leva à renovação” reforçou Dom Jaime.
Para o arcebispo, a canonização deve servir para um exame de consciência particular que desperte nos cristãos referenciais que os ajudem a vencer, zelar e cuidar mais da família, da sociedade e da fé católica.
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Devoção aos santos é tradição no Rio Grande do Norte/Foto: Reprodução
Fé e estrutura
A perpetuação da fé nos mártires do século XVII é, segundo Dom Jaime, o mais extraordinário da tradição no Rio Grande do Norte. “Mesmo em um tempo tão passado, (…), nunca se apagou da memória do nosso povo o morticínio de Cunhaú e Uruaçu”, afirmou.
Tal tradição, segundo padre Jaime, é expressa em dois atos anualmente organizados pelos devotos dos protomártires: a romaria na capelinha de Cunhaú e a romaria no campo de Uruaçu. Os atos, que ocorrem respectivamente nos dias 16 de julho e 3 de outubro, são, de acordo com padre José Pereira, parte de uma história antiga de amor e devoção aos santos.
A presença de peregrinos nas cidades onde ocorreram os martírios tem aumentado, o que segundo padre Pereira exigirá maior investimento nas infraestruturas para o atendimento aos visitantes. “Diariamente, depois do anúncio do Papa, temos visto um grande interesse das pessoas na história dos mártires, retiros e formações vêm ocorrendo quase que semanalmente nos locais de devoção, alimentando o amor à Igreja e à Santíssima Eucarística”, comentou.
Missa em Ação de Graças
A missa em Ação de Graças à canonização dos Protomártires brasileiros aconteceu em Roma, no dia 17 de outubro, e foi presidida pelo Cardeal Sérgio Rocha, arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB. A celebração no Brasil ocorrerá nas cidades de Cunhaú e Uruaçu, onde ocorreram os martírios.
Neste sábado, 28, a Missa de Ação de Graças será no campo de Uruaçu, e terá a presença do arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Claúdio Hummes, segundo padre Pereira, o interlocutor da Igreja de Natal aos ouvidos e coração do Papa Francisco. A celebração será presidida às 17h, e contará com shows com cantores da música católica ao final da festividade.
No domingo, 29, Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico do Brasil, presidirá Missa no Santuário dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, em Natal. E no sábado, dia 4 de novembro, um louvor com o cantor Luiz Carlos de Goiânia acontecerá no final da tarde, após a Santa Missa presidida às 16h pelo arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha.
Veja, na matéria exibida pelo CN Notícias, como foi a Missa de ação de graças realizada em Roma: