Em 1931, nascia em Itamuri, zona da mata mineira, um importante nome da história política do país. Na primeira reportagem especial sobre José Alencar você vai conhecer a infância simples do mineiro que conquistou o país com sua inteligência e humildade.
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Pouca coisa parece ter mudado em Itamuri, distrito de Muriaé, região da mata de Minas Gerais. Como a pequena Igreja foi construída em 1929.
Nessa época os cafeicultores da região estavam apreensivos com a queda do preço do produto. Para o senhor Antônio Gomes, comerciante, não era diferente. Tudo o que investiu no comércio, também estava prestes a perder.
O ano de 1929 foi turbulento. A quebra da bolsa de Nova Iorque colocou em crise a economia cafeeira no Brasil. Mas nem tudo estava perdido. Existiram inúmeras transformações como, por exemplo, a construção da Igreja matriz da cidade, e entre a comissão construtora estava o pai de José Alencar – Antônio Gomes da Silva.
Em 22 de março de 1929, José Alencar ainda não havia nascido, mas foi nessa igreja que, em 1931, ele foi batizado. Um dos 14 filhos do casal Antônio Gomes e Dona Dolores.
A pia batismal parece ser a mesma até hoje, afirma Nair Gomes, que ajuda a cuidar da Igreja. Três anos atrás, José Alencar quis visitar as origens. Ele se propôs a rezar o terço na igreja onde foi batizado, e ligou para Dona Nair.
"Ele pediu a certidão de nascimento e o batistério, mas o batistério eu não consegui", lembra Dona Nair.
Hoje Dona Nair mora no local onde antes era a casa de José Alencar. Por coincidência, a família também tem um ponto de comércio.
Sete anos depois da crise, Antônio Gomes se estabeleceu em Muriaé com um pequeno armazém de secos e molhados.
Zezé, como era chamado, começou a trabalhar logo cedo, aos sete anos de idade. Ajudava o pai num pequeno comércio na cidade. Certamente, essa experiência de trabalhar lhe valeu a possibilidade de trabalhar, aos 15 anos, como balconista numa loja que se chamava A Sedutora e que ficava num pequeno prédio chamado Ventura.
Mas nem tudo era trabalho. Seu Zezinho, primo de José Alencar conta que enquanto crianças eles costumavam brincar em uma fazenda de propriedade do compadre de Antônio Gomes. Tudo também continua igual.
Seu Zezinho é proprietário de um restaurante, mas a maior atração de lá é a foto com o primo, estampada na parede em frente às mesas. O prato preferido do presidente é bem mineiro.
"José Alencar gostava de frango caipira com cebola e torresmo", conta.
Foi na política que o atual prefeito de Muriaé, José Brás, conheceu josé Alencar. Ele fez questão de homenagear o vice presidente com um quadro em seu gabinete.
José Alencar não esqueceu o passado. Aliás, esquecimento não faz parte do dicionário do ex-vice-presidente.
Setenta e nove anos atrás, enquanto a crise do café trazia prejuizo e dor para milhares de famílias, a esperança germinava em silêncio. Foram necessárias décadas de espera para que um fruto pudesse ser formado. O mundo dá voltas, ao melhor estilo do que aprendeu José Alencar com o pai.
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