Antes de passar quatro meses recebendo a preparação para trabalhar como Guia Cívico durante os Jogos Pan-Americanos e o Parapan-Americano, o adolescente Rafael Henrique de Assis apenas estudava e jogava futebol com os amigos. A jovem Fernanda da Costa também freqüentava a escola e cuidava da irmã de três anos.
A rotina dos jovens que moram na comunidade do Morro do Urubu [em Piedade, subúrbio da Zona Norte] foi alterada pelo Pan. Fernanda agora vive de perto o clima dos jogos, ao participar do programa Guia Cívico, do Ministério da Justiça, distribuindo folhetos com informações sobre os jogos, campanhas educativas e orientando turistas sobre os locais de competições.
Ela critica, porem o fato de nem todos participarem da mesma forma. “Nesse negócio de Pan nossos governantes pensam apenas na Zona Sul (área nobre). A Zona Norte (subúrbio) está maneira por causa do Engenhão [Estádio João Havelange, localizado no subúrbio de Engenho de Dentro, na Zona Norte] , mas vai para Abolição, para Pilares [dois subúrbios próximos ao Engenhão]. Você vê nessa região como não mudou nada, só tem um carrinho de polícia fazendo a fiscalização. A Zona Norte deveria ser mais contemplada”, afirma.
Mesmo assim Fernanda avalia que quem está mais longe da movimentação procura participar do Pan. “As pessoas lá estão vivendo o clima do Pan, de 100%, 75% com certeza está vivendo essa onda”.
O adolescente Rafael Henrique de Assis, além de estudar e jogar bola, “curtia festas na rua”. Ele mora com a família de oito pessoas. Quando o assunto são as festas ele se apressa em dizer que nada de drogas. “As pessoas que moram na comunidade é mais difícil de usar as drogas do que as pessoas de classe alta. Elas não sabem com o que estão lidando”.
Na percepção dele a comunidade onde vive é uma das mais tranqüilas graças a união dos moradores. “É uma organização que é a união dos vizinhos, dos moradores”.
De acordo com a líder comunitária responsável pela seleção dos jovens da comunidade do Urubu para o programa Guia Cívico, Sônia Regina Gonçalves, a preferência foi por jovens que estudam e estão desempregados, como Fernanda e Rafael.
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