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.: Editoria especial da beatificação de Irmã Dulce
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Segundo o assessor, que há 16 anos estuda a vida da religiosa, o ‘Anjo bom da Bahia’ dormia no máximo quatro horas por dia e costumava dizer que gostaria de não precisar descansar, pois assim teria mais tempo para ajudar os pobres. “Irmã Dulce vivia a radicalidade em todos os momentos. Fazia jejum, sacrifícios e passou também por muita humilhação, pois tinha um objetivo bem definido: entendia a humilhação como um crescimento espiritual”, completou.
A futura beata brasileira começou cedo a fazer caridade, precisamente aos 13 anos, depois de visitar uma favela no interior da capital baiana. Nos seus quase 78 anos de vida, dedicou todo seu tempo aos mais necessitados, exercendo a missão de “amar e servir”, que se tornou o lema de suas obras. Extremamente bem humorada, Irmã Dulce chegou a tocar acordeon e a cantar nas ruas de Salvador para arrecadar dinheiro.
“Irmã Dulce é a brasileira que eu conheço que mais venceu barreiras e quebrou paradigmas. Ela criou o bandejão, em 1950, para dar comida aos pobres; criou a rede de aleitamento materno; fundou cinemas. Era uma grande empreendedora!”, acrescentou Gouveia, que acredita que a maior virtude da religiosa seja a perseverança.
Insistência em amar e servir
A pequena e franzina Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes herdou o espírito solidário da família. Seu avô e seu pai faziam parte de instituições filantrópicas. Entretanto, a vontade da religiosa ultrapassava a vontade de ajudar, ela também queria evangelizar.
“Irmã Dulce conheceu a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em 1929, quando uma missionária da obra fazia peregrinação pela Bahia. Tentou entrar escondido, sem que o pai soubesse, mas o irmão mais novo a denunciou. Seu pai queria que ela fosse professora”, explica Gouveia.
Entretanto, o cirurgião dentista Dr. Augusto Lopes Pontes não consegui segurar por muito tempo a filha. Para fazer a vontade do pai, a religiosa até chegou a fazer o curso, mas logo que o terminou, aos 20 anos, entrou para a congregação. O nome ‘Irmã Dulce’ foi escolhido em homenagem à mãe, que morreu quando ela tinha apenas oito anos.
A caminho da santidade
As gestões oficiais para a instalação do processo de beatificação e canonização de Irmã Dulce foram iniciadas em 1999, com a concessão do ‘Nihil Obstat’, documento que a Santa Sé disponibiliza decretando não existir impedimento para a introdução da causa.
Em 2000, foi realizada a abertura do Processo Canônico sobre a sua vida, virtudes e fama de santidade. A graça obtida pela intercessão de Irmã Dulce, em 2003, foi examinada primeiramente no Brasil e reconhecida pelos peritos médicos como um caso que não pôde ser explicado pelos meios da ciência. Os peritos e os cardeais da Congregação para as Causas dos Santos foram unânimes no reconhecimento deste milagre, constando que se tratava de um caso extraordinário de cura.
Em abril de 2009, foram reconhecidas suas virtudes heroicas e ela foi declarada Venerável pelo Vaticano. Em junho de 2010, seu corpo foi exumado e transferido junto às suas relíquias, últimos atos antes da beatificação – que acontece no próximo dia 22, em Salvador (BA).
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