São Paulo

Infraero inicia "grooving" no aeroporto de Congonhas

Quem diria que um dia o usuário do aeroporto de Congonhas em São Paulo iria encontar balcões de check-in vazios e corredores descongestionados? Pois foi exatamente esta cena que os passageiros encontraram nesta quarta-feira, 25. Parte desta inusitada situação foi motivada pelo fato de que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o reeditado Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) proibiram escalas e conexões no aeroporto. Segundo a Infraero só esta medida representa uma diminuição
em 50% o número de passageiros no terminal.

A outra medida é a suspensão da venda de bilhetes com chegada e partida de Congonhas até que todos os usuários que adquiriam passagens e ainda não conseguiram embarcar por conta dos problemas registrados desde a última segunda-feira, sejam atendidos.

O deputado federal do PT/SP, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, era um dos passageiros que tentava embarcar para Brasília. Com um bilhete na mão ele não tinha certeza se conseguiria um lugar para viajar na tarde desta quarta-feira. Mas afirmou que as medidas tomadas pelo Conac e pela Anac são um começo para o fim da crise aérea que já dura 10 meses. "Quando
estamos diante de uma crise como esta temos de pensar em todos os que estão envolvidos, passageiros, familiares, tripulação e, principalmente, os moradores do entorno do aeroporto".

Vicentinho disse ainda que é a favor do fechamento de Congonhas. "Acho que este aeroporto poderia se tornar um grande centro cultural e quando digo fechamento não quero dizer que todos os vôos deixem Congonhas, mas apenas aqueles com longa duração", explicou.

Os levantamentos feitos pela Infraero sobre a quantidade de vôos cancelados e que sofreram atrasos iguais ou superiores a uma hora, estão cada vez mais escassos. Ontem o último boletim emitido pela estatal sobre os vôos que foram transferidos de Congonhas, foi emitido às 13Hs. Segundo informações da Infraero, 25 vôos que deveriam pousar em Congonhas foram
desviados para Cumbica, em Guarulhos e seis tiveram como destino final o terminal de Viracopos, em Campinas.

Estas alterações – que muitas vezes acontecem durante o vôo – estão preocupando a Federação Nacional dos Aeroviários. Segundo o presidente da entidade, Uébio dos Santos os funcionários da companhias aéreas estão vivendo um momento de incertezas. "Eles saem pela manhã de casa e não sabem em qual aeroporto vão trabalhar e o pior: sequer sabem se ainda
vão encontrar o emprego", explica Uébio afirmando ainda que a falta de gerência do governo federal em relação a crise aérea, vai causar uma conta impagável, principalmente pelas empresas. "Uma coisa eu tenho certeza: quem vai pagar esta conta é o usuário".

GROOVING

O grooving – ranhuras no asfalto para a drenagem – começaram a ser feitos no início da tarde desta quarta-feira na pista principal de Congonhas. Os serviços estão sendo executados bem próximos ao local onde o Airbus 320 da TAM derrapou e saiu da pista atingindo o galpão de cargas da empresa no último dia 17. Este serviço deveria começar somente no final do mês de
agosto mas com a pressão e a repercussão provocada pelo acidente, a Infraero decidiu antecipar a execução da obra. Segundo a estatal, todo o trabalho e a pista completamente concluída deverá ser entregue até o final da primeira quinzena de setembro. Mas ainda segundo a Infraero, assim que o "grooving" estiver concluído e as autoridades aeronáuticas e aeroportuárias decidirem, a pista poderá ser liberada para pousos e decolagens com excessão aos dias de chuva.

Enquanto isso a principal preocupação é para o remanejamento das aeronaves que não poderão mais pousar em Congonhas. Segundo o diretor de operações da Infraero, Rogério Barzellay as empresas aéreas serão orientadas a redirecionar suas aeronaves em escalas e conexões para os aeroportos de Cumbica em Guarulhos, Viracopos em Campinas e São José dos
Campos no Vale do Paraíba. Parte da aviação executiva – aviões de pequeno porte – serão enviados para o Campo de Marte na zona norte da capital. "Nesta quinta-feira teremos uma reunião com os diretores operacionais das companhias aéreas e dizer para eles quais são as nossas possibilidades e a capacidade que cada um de nossos aeroportos tem para receber seus vôos. Cabe a eles decidir como essa redistribuição da malha aérea será feita. Estamos fazendo a nossa parte", esclarece.

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