Pastoral Afro

Inculturação: conheça o diálogo da Igreja com cultura africana

O processo de inculturação é parte integrante do esforço missionário da Igreja, como indica o Catecismo da Igreja Católica (cf. CIC, n. 854). Isso significa procurar que o Evangelho mergulhe as próprias raízes na vida e na cultura dos povos, recolhendo aquilo que ajuda a expressar melhor as riquezas dos mistérios da vida cristã confiados à Igreja.

O 3º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Bispos da Pastoral Afro aconteceu entre os dias 17 e 19 de agosto, em Salvador. O evento reuniu cerca de 20 pessoas, entre bispos e assessores, para discutir a atuação e os desafios da Pastoral para o acolhimento e a valorização dos valores culturais do povo afrodescendente.

"Estamos agindo sob a luz do documento de aparecida, que lembra da necessidade do encontro com Cristo e que os que estão mergulhados no mistério de Cristo, congregados na família que é a igreja, estão convocados a serem 'advogados da justiça e defensores dos pobres'. Uma forma essencial de manifestarmos nossa condição de  discípulos-missionários é conhecermos, amarmos e promovermos o povo negro com a diversidade das suas culturas", afirma o bispo referência para a Pastoral Afro na América latina e Caribe e titular da Diocese de Bagé (RS), Dom Gílio Felício.

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O Papa João Paulo II defendia que a inculturação era "importante para o futuro da renovação da vida litúrgica", como indicou aos bispos do Regional Nordeste III, em visita ad limina, no ano de 1995.

E como discernir quais aspectos culturais podem e devem ser valorizados no processo de inculturação? Dom Gílio indica alguns pontos básicos:

"A nossa referência é a vida e a missão de Jesus Cristo. Concretamente, nosso trabalho é o de procurar reconhecer nas culturas africanas e afrodescentes aquilo que é verdade, bondade e beleza. À luz da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja e da Tradição, então, discernimos o que pode ser valorizado".

O bispo dá o exemplo concreto do atabaque, instrumento musical bastante ligado à vida, missão e religião dos africanos. "É um instrumento musical que pode ser colocado a serviço do mistério pascal de Cristo, da liturgia, que pode ajudar a vivenciar isso que a Igreja deseja, que é o processo de inculturação de sua ação evangelizadora, da sua vida e missão, da sua condição de discípula-missionária de Jesus Cristo".


Trabalho específico

"Evidentemente que a Pastoral afro não é uma dimensão dos cultos, das religiões de matriz africana. A cultura afro é que é uma dimensão da ação evangelizadora da Igreja", esclarece Dom Gílio.

O prelado acredita que o trabalho da Pastoral precisa ser melhor compreendido por alguns setores. "Temos que cuidar para que, de fato, na nossa atividade, procuremos caminhar sob a luz da Igreja, como dimensão da Igreja. Não existe uma pastoral ou movimento que não tenha recebido da Conferência Episcopal um alerta. É a Igreja que vem com sua sabedoria para auxiliar. Há uma caminhada bonita, valorosa, mas é preciso conhecer melhor o que diz o Magistério, os documentos, para que esse trabalho não venha a dificultar a vida e a missão da Igreja".

Dom Gílio lembra as palavras do Papa João Paulo II durante a Conferência de Santo Domingo:

"Em seu discurso aos negros, o Papa disse: 'cultivem seus valores e culturas, porque isso vai enriquecer a Igreja'. Isso vale para todas as etnias. Eu amo a Igreja Católica exatamente porque ela é mãe, que acolhe e vai, com a força e a luz da doutrina, acolhendo aquilo que é bom, belo e verdadeiro, e afastando o que pode dificultar a vida abundante, que é o grande horizonte da salvação".

Por fim, ele ressalta: "Nunca podemos deixar de lado as referências fundamentais: Palavra de Deus, Tradição da Igreja e Magistério. Fora disso, não é catolicismo".

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