Responsável dos religiosos no Brasil afirma que muitos consagrados têm doado sua vida pelos mais vulneráveis e intensificado sua oração pela humanidade
Kelen Galvan, com colaboração de Jéssica Marçal
Da redação
A vocação à vida consagrada é celebrada pela Igreja neste terceiro domingo de agosto, 16, no contexto do mês dedicado às vocações. Aqueles que são chamados a esta forma de vida tornam-se testemunhas de Jesus Cristo no mundo, sobretudo pela prática da caridade e dedicando sua vida ao próximo.
Este ano, no cenário da pandemia vivido aqui no Brasil, muitas pessoas precisaram viver em isolamento social, inclusive, sem poder participar da Missa e de outros sacramentos. Diante disso, o trabalho dos consagrados se intensificou, afirma a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional), irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, mad.
Ela explica que as consagradas e os consagrados têm vivido este momento de pandemia com a experiência de vulnerabilidade e incerteza, mas também com a solidariedade e comunhão que nasce de uma leitura permanente da fé.
“A Vida Consagrada está muito atuante, doando-se e arriscando a própria vida. Inúmeros Religiosos estão no meio do povo, ajudando os mais pobres, neste momento tão difícil da nossa história. São inúmeras as ações das Congregações que estão partilhando os bens materiais para socorrer nossos irmãos e irmãs”, destaca a responsável, citando que muitos estão no meio dos pobres, distribuindo alimentos, materiais de proteção, entre outras coisas.
Um exemplo desta dedicação foi a campanha “Amazônia precisa de você”, lançada em parceria com a POM e Repam. Irmã Maria Inês explica que desde o início da campanha houve grande adesão dos religiosos, tanto com ajuda financeira, como oferecendo-se voluntariamente para ir ao encontro destas realidades mais difíceis.
“Enviamos missionárias voluntárias para a região do Alto Solimões e para colaborar no Barco Hospital Papa Francisco, no Pará, especialmente junto às comunidades indígenas . Estão doando, arriscando a vida. Os Consagrados/as estão, sem sombra de dúvida, muito próximos das pessoas”, ressalta.
Ela destaca que essa realidade da pandemia tem levado os consagrados a darem respostas concretas especialmente estando ao lado dos mais necessitados. “Os/as consagrados/as tem dado enorme exemplo humano de CUIDADO! Quantas histórias profundas de heróis e heroínas, de abnegação, doação, serviços nos hospitais e nas obras sociais, nas comunidades e junto aos mais vulneráveis”, aponta.
Voltar ao essencial
Um aspecto marcante dos consagrados é a vida de oração e intimidade com o Senhor. “A oração é o que nos sustenta, nos impulsiona a nos lançar em direção daqueles e daquelas que precisam da nossa presença”, explica irmã Maria Inês.
A responsável dos religiosos no Brasil afirma que, nesse momento desafiador, muitos consagrados têm voltado mais para o essencial, buscando uma experiência de escuta e acolhimento.
“Estão com as mãos erguidas, intercedendo pela humanidade sofrida. Com certeza, neste tempo, cada comunidade de Consagrados e Consagradas tem feito uma profunda experiência de oração e percebido o Mistério de Deus avizinhando-se e segurando-os, mesmo quando não se dão conta e mesmo quando o silêncio, o duro e pesado silêncio parece a verdade mais palpável”, destaca.
Esta também tem sido a experiência da irmã Ana Lúcia da Costa, religiosa da Congregação Divino Mestre. Ela conta que toda essa realidade da pandemia a levou a intensificar sua oração em favor do mundo. “Vamos sair desta Pandemia espiritualizadas”, enfatiza.
A responsável dos religiosos no Brasil afirma que “hoje precisamos de mãos que sustentam a alma do mundo e que mostram que a redescoberta do poder da esperança é a primeira oração do século XXI”.
Busca vocacional
Mesmo em meio à toda turbulência deste tempo, muitos jovens vocacionados têm buscado responder e abraçar sua vocação. “Os jovens estão cheios de ideais, de ardor e entusiasmo, estão enfrentando os desafios, querendo acertar, e de alguma maneira responder aos apelos de Deus em suas vidas”, aponta a responsável.
Em contrapartida, as congregações estão empenhadas em fazer esse acompanhamento para ajudar os jovens nesse caminho de discernimento vocacional, seja aqueles que já estão nas congregações ou mesmo os que ainda estão em suas famílias.
“Acompanhamento que varia de acordo com as possibilidade de cada congregação, e sem dúvida, neste tempo em que estamos vivendo o isolamento social, todos tem sido realizados pelas redes sociais, para estarem mais próximos/as dos vocacionados/as”, explica.
Irmã Ana Lúcia lembra bem deste processo de descoberta vocacional. Ela conta que desde criança se encantava com o jeito diferente de vida das religiosas. O encantamento aumentou na adolescência e juventude. E, mesmo com medos e receios contou com uma força especial para assumir seu chamado.
“Eu pedi a Nossa Senhora das Graças forças para responder àquele desafiante Sim, e vem a graça, a luz divina e eu disse sim ao chamado de Deus, à minha vocação; colocando-me inteiramente a serviço do Reino. Sou plenamente agradecida a Deus e à minha Congregação pelo o que sou hoje”, destaca.
Ela entrou para a vida religiosa no ano de 1989 e, após os anos formativos, professou os conselhos evangélicos pela primeira vez em 1993.
“Ser religiosa hoje é uma missão de testemunho. Todas as atividades realizadas por um religioso (a) podem ser desenvolvida por todos, mais existe uma missão no fazer do religioso (a), nas mais simples das tarefas, ele (a) deve ser luz, mostrar a face redentora do Mestre, mostra o caminho para uma vida em busca da salvação”, explica irmã Ana.
Aos jovens, ela deixa uma mensagem de incentivo, para que deem sua resposta generosa ao chamado de Deus. “Deixe tudo e vai, desafios virão, porém a força do amado é maior. Façamos como os primeiros discípulos de Cristo. Deus tem para você uma missão”, afirmou.
Vida consagrada
Existem vários tipos de carismas e congregações religiosas, cada uma com sua missão, mas todas têm em comum uma vivência mais radical no seguimento de Jesus Cristo e a profissão dos votos evangélicos: castidade, pobreza e obediência.
Padre Anderson Marçal explica como surgiu essa vocação dentro da Igreja e a vivência dos votos evangélicos