A Igreja no Brasil celebra hoje, 3, a memória dos Bem-aventurados Mártires André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, ambos sacerdotes que morreram em 1645 em defesa da fé católica em Cunhaú e Uruaçu (RN).
Nesta manhã, o Arcebispo emérito de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales, celebrou uma Missa, dando inícios às festividades da Arquidiocese de Natal. Fazem parte da programação, Festival de Música, oração do Ofício da Imaculada, show com a banda "Cantores de Deus", às 15 horas, e Missa Solene presidida pelo Arcebispo, Dom Matias Patrício de Macêdo, às 17 horas.
.: Toda a programação está sendo transmitida pela Rádio Rural de Natal e pelo Blog da Missão Canção Nova de Natal
A Arquidiocese espera reunir em Uruaçu, a exemplo do ano passado, cerca de 30 mil fiéis.
História
Em 16 de junho de 1645, Padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, município de Canguaretama, localizado a Zona Agreste do Rio Grande do Norte.
Quatro meses depois, em 3 de outubro, mais 80 pessoas foram mortas pelos holandeses, entre elas, o Padre Ambrósio Francisco Ferro, que manteve a firmeza na fé defendendo fiéis. Na mesma ocasião, o camponês Mateus Moreira teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".
Este morticínio aconteceu no Engenho de Uruaçu. Hoje chama-se Comunidade Uruaçu na área do município de São Gonçalo do Amarante, a 18 quilômetros de Natal, litoral do Rio Grande do Norte.
Beatificação
O processo de beatificação foi aberto pela Santa Sé, em 16 de junho de 1989. Em 21 de dezembro de 1998, o Papa João Paulo II assinou o Decreto reconhecendo o martírio de 30 brasileiros, sendo dois sacerdotes e 28 leigos. O Postulador da Causa dos Mártires é Monsenhor Francisco de Assis Pereira.
Segundo Monsenhor Francisco, "a memória dos servos de Deus sacrificados em Cunhaú e Uruaçu permaneceu viva na alma do povo potiguar, que os venera como enclíticos defensores da fé católica".
Monsenhor Assis acompanhou o processo de beatificação junto ao Vaticano, por mais de dez anos, reunindo documentos em pesquisas realizadas em Portugal, Holanda e no Brasil. Deste material resultou o livro Protomártires do Brasil, de sua autoria, lançado no final de 1999.
A beatificação aconteceu na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 5 de março de 2000, em celebração presidida pelo Papa João Paulo II. Cerca de mil brasileiros participaram da solenidade.
Protomártires
Segundo o Monsenhor Assis Pereira, os mártires de Cunhaú e Uruaçu foram chamados de "protomártires" pelo Prefeito da Congregação das Causas dos Santos porque "são os primeiros mártires do Brasil reconhecidos oficialmente pela Igreja".