Aparecida

Homilia de Dom Serafim na Festa de Nossa Senhora Aparecida

Irmao e irmãs, filhos e filhas
Se você todos estão felizes, pensem na minha alegria de estar aqui hoje ganhando este presente imenso de Dom Damasceno, que me chamou para substituí-lo neste grande momento e nesta grande festa. Estou feliz.
 
É minha alegria por estar na casa de Maria, na casa da nossa Mãe, com tantos milhares de romeiros que chegam de todos os rincões e esses que chegam trazem-me uma imagem muito bonita daquele oráculo de Isaias que a liturgia proclama: "levanta os olhos ao redor e vê. Todos se reuniram e vieram a ti. Teus filhos vem chegando de longe, com tuas filhas carregadas nos braços. Ao vê-los ficarás radiante com o coração batendo forte". É o que vem acontecendo conosco neste dias.

Há 30 anos, o saudoso João Paulo II, no dia 4 de julho de 1980, consagrava essa casa da nossa Mãe, conferindo-lhe o título de Basílica Menor e falava da encantadora narrativa do encontro de Nossa Senhora da Conceição Aparecida com as águas do Rio Paraiba. São suas palavras: "a inútil labuta dos três pescadores buscando peixe na água do Paraíba, naquele longíncuo ano de 1717, o inesperado encontro do corpo e depois da cabeça da pequena imagem de cerâmica, enegrecida – negra por todo o lado. A pesca abundante se seguiu a esse achado". E prosseguiu o Papa dizendo do culto logo após iniciado. "Nossa Senhora da Conceição sob as aparências de uma estátua trigueira, negra, carinhosamente chamada a Aparecida… e as graças abundantes de Deus em favor de todos os que invocam, na sua imagem, a Mãe de Deus".

Aqui nesta casa da Mãe, todo o Brasil se encontra. O Paraíba foi desde os primórdios da nacionalidade uma rota de penetração para o interior do país, verdadeiro caminho líquido paralelo a estrada real, para aqueles que iam também buscar ouros e diamantes. Pois foi aí que os caminhos se encontraram e se deu o milagre do achado da imagem. Entre os dias 17 e 30 de outubro de 1717, passavam por Guaratinguetá (SP), Dom Pedro de Almeida Portugal – conhecido como Conde de Assumar – recém nomeado governador da Capitania de São Paulo. A Câmara Municipal ordena que alguns pescadores pesquem as refeições para a grande visita. E eram eles três: Domingos Martins, Felipe Pedroso e João Alves. Decepção: nenhum peixe. Desanimados, fazem a última tentativa. E João Alves pega em sua rede o corpo de uma imagem pequena, lança a rede outra vez e pesca nela a cabeça de uma imagem. Era Nossa Senhora da Conceição. Em 1646, o Rei Dom João IV proclamou Nossa Senhora da Conceição, como padroeira de Portugal e de todos os seus territórios.

Em julho de 1930, o Papa XI proclama Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. O Papa diz que essa proclamação serviria para o "bem espiritual de todo o povo brasileiro" e para "o aumento de sua devoção à Mãe de Deus". Foi por essa sua Mãe que Jesus, aos pés da cruz, diz "Mulher eis o teu filho", e ao discipulo, "eis tua Mãe". E o mesmo Jesus no alto da cruz propôs sua Mãe como modelo a ser imitado, pois ela brilha como modelo de virtude para todas as comunidades dos eleitos. Sua fé viva faz o protótipo da fé que os fiéis devem ter. Na sua fé os fiéis encontram o modelo que eles precisam ter.

Toda sua vida foi um amém perene. Mesmo quando a espada de dor, na segunda anunciação de Simeão, atravessa sua alma, ela se faz serva, servidora da Palavra. Desde o dia que seu filho Jesus tinha 12 anos até o calvário, a Mãe supera, no silêncio, tudo o que possa acontecer. João Paulo II explica que, "em toda vida de humildade da serva do Senhor, desde o dia em que recebeu a saudação do Anjo, até uma vida de serviço amoroso, Maria é o modelo de oração da Igreja".

Irmãos é o que vivemos aqui nestes dias e sempre. É o que a devoção a Nossa Senhora nos faz. Quando o Papa Bento XVI veio ao Brasil, ele ficou meio sem jeito, mas o povo brasileiro o recebeu tão bem que ele com as mãos postas, foi abrindo-as, abrindo-as ainda mais, até que chegou no momento fantástico em que tirou toda polícia na Fazenda da Esperança e abraçou os jovens drogados. Um dos momentos mais bonitos.

Quando aconteceu esse fato, perguntaram a um sociologo, porque o povo brasileiro recebia tão bem? E ele respondeu que quem ensinou o povo brasileiro a ser receptivo foi a raça negra. A raça negra tinha tudo pra odiar, pelo que fizeram a eles, todo sofrimento. E nós hoje, podemos dizer com muita alegria, foi a raça negra, na imagem da Mãe Negra que nos ensinou a receber, a amar e respeitar… Virgem Mãe de Deus, muito obrigado por tudo. Amém.

Transcrição: Kelen Galvan

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