No fim de semana, o Brasil celebrou o Dia do Doador de Órgão. Para valorizar esse gesto que salva vidas, o Ministério da Saúde criou uma política que busca reduzir a fila de espera no país.
Reportagem de Sidinei Fernandes
Quem tá numa fila de espera vive no misto de ansiedade e esperança. Hoje, 80.000 pacientes aguardam por um órgão no Brasil que tem um dos maiores e mais eficientes sistemas públicos de transplantes do mundo.
Em número de procedimentos, só fica atrás dos Estados Unidos e da China. No ano passado, foram realizados 30.000 transplantes. Só no primeiro semestre deste ano já foram 15.000, 90% deles feitos pelo SUS. “O Brasil tem uma grande rede pública de hospitais, de clínicas credenciadas para fazer o transplante. Então, o Brasil é realmente uma potência nos transplantes no mundo”, contou o membro do departamento de transplante cardíaco da ABTO, Ronaldo Honorato.
Esse sistema robusto conta com cerca de 1000 equipes distribuídas em 470 centros de transplantes pelo país. Entre 4 e 10.000 profissionais estão envolvidos em todas as etapas do processo.
Para aprimorar essa rede, o Ministério da Saúde destinou cerca de 20 milhões de reais para inclusão de novos procedimentos, valorização de profissionais e ampliação de ações que incentivem a doação e reduzam a recusa das famílias.
“46% das famílias ainda recusam a doação. Esse número alto, evidentemente, faz com que nós tenhamos poucos órgãos disponíveis. Quanto mais órgãos disponíveis nós tivermos, quanto mais órgãos foram doados para a sociedade, a própria sociedade utilizará esses órgãos para os transplantes. Mas se nós tivermos um apoio financeiro, a coisa se torna mais fácil. Podemos recrutar mais pessoas, podemos engajar mais pessoas nessa jornada de mobilização, de conscientização das famílias, de acolhimento e explicação dessas pessoas que têm o seu ente querido, que sofreu um diagnóstico de morte encefálica, podendo então reverter esses números que ainda são muito altos na recusa em relação à doação”, reforçou Ronaldo.
Uma portaria recente do Ministério da Saúde atualizou os princípios e diretrizes do Sistema Nacional de Transplantes. O texto reforça a ética, a transparência e garante o acesso de graça aos procedimentos pelo SUS.