Leia a carta na íntegra
No Dia Mundial da Saúde, incerteza no acesso aos medicamentos para tratamento da Aids
Mais uma vez, pessoas que vivem com HIV e Aids têm sua saúde e vida prejudicada com a falta de medicamentos.
Desde dezembro de 2009, assistimos em todo o país o desabastecimento do medicamento ABACAVIR, um dos antirretrovirais que compõem o tratamento antiAids e que é usado por centenas de pessoas.
O Ministério da Saúde, por meio de seu Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais, responsável pelo abastecimento de antirretrovirais, emitiu notas com informações imprecisas sobre a data da solução do problema, prevista para fevereiro de 2010, o que não ocorreu.
Além disso, orientou para a substituição deste fármaco, o que terminou por prejudicar pacientes que estão usando o medicamento de forma correta e contínua. Muitos pacientes, por decisão conjunta com seus médicos, não concordam em substituir um tratamento que está dando certo por outro.
A falta do ABACAVIR tem gerado tensão, estresse e prejudica o comprometimento da adesão ao tratamento entre os pacientes.
Independente das dificuldades encontradas na aquisição, o Fórum de ONGs-Aids do Estado de São Paulo lamenta que ainda não tenha sido solucionado o problema, e manifestamos publicamente nossa preocupação em relação aos rumos da Política de Assistência Farmacêutica do Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais.
Ao mesmo tempo em que tomaremos as providências junto ao Ministério Publico Federal, fazemos um alerta nesta Semana Mundial da Saúde.
É inadmissível que um programa até então exemplar no tratamento da AIDS, que investe cada vez mais recursos na produção nacional, a exemplo do que é destinado a Farmanguinhos para a fabricação de antirretrovirais, nos faça viver com o fantasma do racionamento e do desabastecimento.
Ao colocarem em risco a vida de centenas de cidadãos brasileiros que fazem uso do ABACAVIR, lançam a incerteza e a dúvida sobre mais de 200 mil pessoas em tratamento que dependem dos demais medicamentos antiAids no Brasil.
É uma vergonha, depois de mais duas décadas do reconhecimento da resposta brasileira de combate a AIDS, vivermos este pesadelo justamente no "Dia Mundial da Saúde".
Nós, pacientes e organizações da sociedade civil, estamos indignados!
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