Apenas 7,8% dos pelo menos 6,4 bilhões de reais que serão gastos na construção e reforma de estádios para a Copa do Mundo de 2014 foram executados a três anos do início do Mundial, revelou nesta sexta-feira um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
De acordo com o coordenador do núcleo de esportes da instituição, Istvan Karoly, os investimentos em infraestrutura nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo também estão bastante atrasados, com somente 8% do valor previsto já executado.
"Em termos de agilidade de investimentos há uma lentidão muito grande e estamos andando nessa preparação a passos de cágado", disse o economista da FGV a jornalistas na apresentação do relatório.
O estudo colocou em 6,4 bilhões de reais o custo total de preparação dos 12 estádios do Mundial, dos quais até agora foram aplicados 505 milhões de reais. As intervenções em mobilidade urbana, aeroportos e saneamento, entre outros, devem demandar 22,3 bilhões de reais, de acordo com números da FGV, mas até o momento somente 8% saíram do papel.
O relatório revela que as arenas de Salvador e Belo Horizonte são as mais adiantadas, mas mesmo assim o ritmo ainda é lento. Em Minas Gerais, os desembolsos para a reforma do Mineirão chegaram a 13% do investimento previsto em 666 milhões de reais e, em Salvador, as aplicações somam 16,9% de uma obra orçada em 591 milhões de reais.
Em contrapartida, as arenas de Natal e São Paulo estão praticamente na estaca zero e as duas cidades já foram descartadas da Copa das Confederações, que acontecerá um ano antes do Mundial.
BNDES
Oito dos 12 estádios já solicitaram empréstimo de até 400 milhões de reais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem uma linha de financiamento de 4,8 bilhões de reais para as arenas do Mundial, de acordo com o superintendente Ricardo Ramos, um dos responsáveis no banco pelo programa.
O Corinthians, que vai construir o estádio de São Paulo a ser usado no Mundial, ainda não fez a solicitação formal mas já entrou em contato com o banco através da construtora Odebrecht, responsável pela obra, segundo Ramos.
"Por enquanto não chegou nenhum pedido formal da Odebrecht para o financiamento, mas acho que não será problema, até porque a construtora é uma cliente de longa data", afirmou.
Rio de Janeiro, Manaus, Fortaleza, Recife e Cuiabá já tiveram seus pedidos aprovados, mas até o momento o banco só liberou recursos para o estádio de Manaus.
"Só liberamos recursos para o projeto executivo de Manaus, mas as obras nos demais locais estão andando porque as prefeituras e Estados tem contrapartida e colocam recursos próprios", afirmou Ramos.