Rio 2016

Espírito olímpico: histórias mostram fraternidade durante jogos

Voluntários nas olimpíadas Rio 2016 relatam experiência vivida e comentam espírito olímpico durante os 16 dias de jogos

Monique Coutinho, com colaboração de Jéssica Marçal
Da Redação

Símbolo das Olimpíadas representa unidade entre os cinco continentes / Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Símbolo das Olimpíadas representa unidade entre os cinco continentes / Foto: Tânia Rêgo – Agência Brasil

O Rio de Janeiro reuniu atletas no maior evento esportivo do mundo, as Olimpíadas, que este ano teve como lema “viva sua paixão”. Com abertura no dia 5 de agosto, os Jogos Rio 2016 terminaram neste domingo, 21, deixando não só medalhas aos atletas, mas histórias de fraternidade e superação. 

Leia também
.: Brasil fecha Olimpíadas em 13º lugar no quadro de medalhas

O evento apresenta diversas modalidades esportivas e desafia os limites da capacidade humana. O professor Paulo Vasques, que foi voluntário nos Jogos Rio 2016, conversou com a equipe do noticias.cancaonova.com antes do início das Olimpíadas. Ele comentou que os jogos seriam importante não só pelo aspecto fraterno, que já lhe é característico, mas também para a educação no país, ao dar visibilidade para tantas modalidades esportivas e incentivar principalmente o público infantil. 

Professor Paulo Vasques foi voluntário nos Jogos Rio 2016 / Foto: Unisal

Professor Paulo Vasques foi voluntário nos Jogos Rio 2016 / Foto: Unisal

“O esporte nos ajuda em termos de educação para a vida, porque ensina que a gente tem que viver sob regras, respeitar as pessoas do nosso time, do nosso oponente, trabalhar em grupo, isso tudo são ensinamentos para a vida”, disse na ocasião. 

Agora, após o término dos jogos, Paulo voltou a falar com a nossa equipe e contou como foi positiva sua participação no evento, principalmente devido à possibilidade de ter contato com pessoas de várias partes do mundo, o que mostra a grandiosidade do evento. “Foi tudo muito rico. Teve bastante gente trabalhando”, disse. 

Espírito olímpico

A primeira olimpíada da América do Sul teve diversas atitudes solidárias que ratificaram a fraternidade nos jogos olímpicos. Algumas delas ganharam destaque por envolver o “espírito olímpico”, que para Paulo, é a fraternidade e o respeito pelo adversário.

“Surge também o espírito olímpico, que é essa fraternidade e esse respeito pelo outro que está competindo contigo. A Olimpíada deixa esse aspecto. A Olimpíada tem essa colocação diferente e as pessoas vivenciam isso”. 

Leia
.: Vaticano participa pela primeira vez da abertura das Olimpíadas
.: Olimpíadas Rio 2016 tem 19 recordes mundiais quebrados

Uma história que ganhou destaque foi a boa ação do ginasta Arthur Zanetti, que ajudou o grego Eleftherios Petrounias a subir nas argolas na apresentação de gala. Apesar da rivalidade na hora da competição, o brasileiro não se privou em estender a mão ao seu adversário, que havia ficado com a primeira posição, levando medalha de ouro ao receber a nota 16.000.

Outro fato que chamou atenção foi o consolo do brasileiro Thiago Braz, que ganhou medalha de ouro no salto com vara, ao francês Renaud Lavillenie, que foi vaiado pelo público durante a execução do seu salto. Após o recebimento das medalhas, Thiago disse que Renaud é um espelho para ele e pediu que o público o aplaudisse.

Hamblin's quote is pretty special. I'm thinking these 2 may have struck up a friendship today.

Uma foto publicada por @teamdags em

A corrida também teve destaque envolvendo o espírito olímpico. Faltando dois mil metros para concluir a prova, a atleta Nikki Hamblin, da Nova Zelândia, tropeçou, causando um choque com Abbey D’Agostino, dos EUA. Após a queda, a norte-americana se levantou e ajudou a adversária a retomar a prova. Quando começaram a correr, perceberam que Abbey estava com dores em uma das pernas, logo foi o momento de Nikki retribuir a ajuda, incentivando e prestando apoio a sua rival até concluir a prova.

Essas histórias representam bem o que é o espírito olímpico. Tais atitudes mostram que é possível fazer a diferença através das atitudes. O voluntário Paulo afirma que é interessante como isso desperta o interesse da população. “Embora estamos em um momento triste, econômico e político, as pessoas acabaram se voltando para o evento e participando”, conclui.

Esse espírito olímpico contagiou também a equipe de trabalho responsável pelo bom andamento da Rio 2016. O jovem Dougllas Teixeira, de Lorena (SP) também foi voluntário – trabalhou como assistente de NOC junto à delegação de Moçambique – e disse que essa foi uma experiência única. “Espírito de solidariedade, de auto-ajuda, muitas pessoas conversando com outras, esse espírito de união. Eu vi pessoas que não falavam outros idiomas tentando ajudar os outros, eu acho que isso tudo é muito positivo”. 

Em um dos dias da competição, Dougllas precisava saber qual seria o horário da reunião técnica da Natação (cada esporte tinha suas reuniões técnicas), mas a pessoa que poderia informar era uma japonesa, que só falava japonês e inglês. Como Dougllas não fala inglês com perfeição, teve dificuldade, mas foi auxiliado por um desconhecido. 

“Veio um senhor que era do atletismo, não era da natação, e vendo a minha dificuldade, ele prestou esse serviço, saiu da mesa dele e foi lá na mesa da Natação para me ajudar a me comunicar com ela (…) Eu achei muito positivo, porque ele poderia ter me deixado lá, mas ele teve essa pró-atividade de sair da mesa dele e ir me ajudar”. 

Entre os atletas, Dougllas também viveu uma experiência que o marcou. Da delegação de Moçambique, havia dois jovens competidores que participavam de sua primeira Olimpíada, Igor e Iana, que vieram competir na Natação. A menina foi a primeira a competir e toda aquela tensão e ansiedade acabou sendo compartilhada por Igor, Mesmo sem ser sua vez de nadar, ele estava mais preocupado do que ela. A jovem acabou em penúltimo lugar, sem conseguir classificação, e foi consolada por Igor. 

Tão emocionante quanto para Dougllas foi o encontro com a jogadora Marta, do futebol feminino. Mesmo atrasada para entrar no desfile da delegação, ela parou para tirar uma foto com ele. “Achei positiva essa atitude dela de me dar atenção, parar, mesmo com pressa; eu não sei nem expressar direito, mas ela teve essa compaixão comigo de parar e tirar a foto”. 

Dougllas e a jogadora de futebol Marta / Foto: Arquivo Pessoal

Dougllas e a jogadora de futebol Marta / Foto: Arquivo Pessoal

 

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo