Coluna

Espaço sagrado e relação da liturgia com a vida

Padre Anderson Marçal dá dicas pastorais para viver adequadamente a relação entre vida e liturgia

Padre Anderson Marçal

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Padre Anderson MArçal / Foto: Arquivo

Para que tudo, no lugar sagrado, também se torne beleza sensível, não basta somente o sentido de cada coisa, mas uma educação ao como cada coisa entra em relação com a vida concreta.

Por exemplo: como celebrar dentro de um lugar sagrado e a beleza da celebração em si nos chamar à atenção a ponto de nos deixar extasiados? Como, na vivência do tempo, desfrutar das belezas de cada tempo sem perder o sentido do que somos? Como viver a dimensão de tempo e espaço sem deixá-los cair na normalidade da vida, mas atentos a cada detalhe entrarmos na verdadeira celebração da vida? Se não é para viver, para que celebrar? Sem repercussão na vida prática, que significado tem celebrar o mistério pascoal? Se a celebração vem de uma parte e a vida de outra, de qual celebração e de qual vida se trata?

Diante de tantas e pertinentes perguntas, tentaremos dar algumas dicas pastorais para a educação do povo à beleza, por isso, o lugar sagrado deve buscar integrar a exterioridade e o lugar celebrativo sem confundi-los. Por isso, a criação e a organização do lugar da celebração devem considerar:

O valor da passagem da vida ordinária à celebração: trata-se de superar a distância entre vida e liturgia, frequentando o “banquete” para conhecer outra dimensão da própria vida.

A necessidade de conceber zonas intermediárias: passagem do externo ao interno da igreja, espaços de encontro interpessoal antes de entrar no lugar celebrativo, ambientes que predispõem ao silêncio (átrios, claustros, jardins e pórticos), como são capazes de oferecer certas igrejas e mosteiros antigos.

A importância do acolhimento humano: oferecendo condições para a “arte” do relacionar-se, hoje tão difícil no cotidiano “indo e vindo” da vida.

A facilitação do acesso ao lugar celebrativo: sem pressa e empurrões no entrar, eliminando quanto faz dificultosa a passagem das pessoas (escadas, portas estreitas), as quais, muitas vezes, impedem uma apropriada ambientação humana, serena e acolhedora.

A imagem externa da igreja no complexo arquitetônico da cidade e do quarteirão: não se trata de se destacarem as igrejas como sinais de potência, mas de uma realidade outra.

Existe uma experiência religiosa que deve acontecer no curso da celebração litúrgica. Esta deve envolver os irmãos que se reuniram em busca de uma comunicação comunitária com a Trindade bela e fonte de toda beleza.

Toda a arquitetura sacra e, a razão maior, litúrgica deve realizar este compromisso: criar espaço para permitir a experiência de encontro com a beleza de Deus. Deste princípio fundamental para toda a arte litúrgica, em particular para a concepção de lugar celebrativo, derivam algumas qualidades no uso do espaço e da arquitetura: possibilitar, da melhor maneira, a celebração segundo os livros litúrgicos, usando toda a riqueza da linguagem integral na ação celebrativa: aclamar, cantar, contemplar, escutar, silenciar, meditar, olhar, presenciar, proclamar etc.

Harmonizar todas as dimensões essenciais do ser humano: beleza, comunicação fraterna, corporeidade, espírito, manifestação das emoções, liberdade, paz, interioridade, respeito.

Exprimir simbolicamente a relação íntima e comunitária com Deus por meio do contato com o invisível, do convite à interioridade, da busca de conversão e do crescimento na fé cristã.

Deixar-se provocar e marcar: da simplicidade (que agrada a todos), da naturalidade (que foge de tudo que é artificial), da dignidade (nos materiais usados, nos ornamentos e no clima do ambiente), do bom gosto (sem exageros e com critérios comunitários, evitando o individualismo).

A consciência das exigências do Evangelho devem ser fontes inspiradoras constantes de um lugar, de um espaço, da arquitetura e da arte; pressuposto capaz de conduzir à experiência comunitária do mistério pascal de Jesus, que se encarna no mistério pascal do Seu povo.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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