Série especial

Entenda o papel social da família no oriente e no ocidente

Entenda a importância do papel social que a família exerce nas diferentes culturas: ocidental e oriental

André Cunha
Da redação

Em setembro e outubro, os católicos de todo o mundo vão respirar o bom odor de uma das principais e fundamentais instituições da humanidade: a família. Isso porque a Igreja realiza em setembro o Encontro Mundial das Famílias nos Estados Unidos e, em outubro, o Sínodo sobre a Família, em Roma. Ambos com a participação do Papa Francisco.

Pensando nesse contexto favorável, o noticias.cancaonova.com preparou uma série com diversos assuntos sobre a família, para esta semana. Vamos tratar de tecnologia, cidadania, crise financeira e sobre como se abrir à vida em meio aos problemas econômicos. Tudo no contexto familiar.

Nesta primeira reportagem, o filósofo Mário José Dias explica o papel social da família e a sua importância em diferentes culturas, como a oriental e a ocidental.

A família oriental

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Professor Mário José Dias / Foto: Unisal

Segundo Dias, primeiro é preciso entender que a cultura é um processo de assimilação de valores, costumes e tradições que determinam o modo de agir e de pensar de uma sociedade.

“Neste sentido, no oriente, encontramos a família como um centro irradiador na construção e elaboração de valores fundamentais da vida, ou seja, os de proteger e educar as futuras gerações a preservarem o respeito, a solidariedade, a dignidade e a fidelidade à terra, aos compromissos assumidos através da relação comprometida e responsável entre o homem e a mulher”.

É natural que não se pode englobe todos os países que formam o chamado “mundo oriental”, numa mesma matriz cultural, mas o especialista acredita que é possível afirmar que a centralidade da fé é garantida pela perpetuação dos valores da família.

E no ocidente, a família ainda exerce um papel importante?

Embora hoje haja toda uma tendência no mundo ocidental em questionar os padrões e modelos de família, de acordo com o professor Mário, ela continua, direta ou indiretamente, sendo o centro irradiador do encontro entre as pessoas.

“Acreditamos que uma sociedade para continuar a viver os valores fundamentais da vida necessita valorizar a fé na família como aquela capaz de manter as tradições e costumes e assim garantir, não somente a sobrevivência da sociedade, mas, fundamentalmente, permitir aos homens acreditarem que a vida tem sentido e um significado que vai além do encontro entre homens e mulheres”, disse.

Para ele, educar às futuras gerações para a importância deste papel da família é um compromisso de fé, e somente os bem dispostos a enfrentarem este desafio podem “assumir o compromisso da fidelidade, solidariedade e unidade e entender o verdadeiro significado da família”.

Diferenças culturais

Mário Dias explica que, se pensarmos de uma maneira mais ampla, podemos acreditar que para além das diferenças de cultura, há mais encontros de que desencontros. Todavia, ele destaca o aspecto da valorização da mulher/mãe, onde se percebe uma diferença cultural. No caso do oriente, que ainda resiste à sua participação efetiva na sociedade, há uma proteção à mãe por conta de seu papel na formação e educação dos filhos.

Já o ocidente, explica ele, parece que a mãe é o centro dos compromissos de formação e educação de seus filhos, acumulando, na maioria das vezes, a carreira profissional.

“Aos que têm fé, nos parece, que a família tem outro significado e importância e, nesse sentido, ambas as culturas se encontram. Acreditamos que a família sobrevive às crises quando assumem junto pela fé, o compromisso de viverem com intensidade os valores fundamentais da vida”, evidenciou.

O ocidente também é campo de muitas discussões sobre o papel da família e sua formação original. Para o especialista, o homem moderno parece querer encontrar outras formas de se complementar como pessoa. E esta forma de encontrar sentido em um mundo cada vez mais complexo faz com que, naturalmente, se questione a família.

“Este questionamento, que pode parecer um problema, constitui a garantia de que a família tem uma força na sociedade. Se assim não fosse, porque questioná-la? É preciso olhar com cuidado e abrir diálogo para que possamos encontrar uma solução capaz de buscar o equilibrar à vida e repensar os valores que a sociedade oferecem às futuras gerações”, afirmou.

Cidadania: bons cidadãos nascem apenas na família?

“Certamente que a família é um caminho fundamental para construir uma sociedade”, afirma o professor. No entanto, segundo ele, a família sozinha não responde questões mais amplas que somente inseridos em uma comunidade de fé, por exemplo, é que se pode buscar caminhos para entender a vida e o porquê se lançar em defesa dos outros.

Dias também aponta então a escola como um terceiro pilar que precisa ser colocada como uma meta importante para entender, pelo conhecimento racional, o porquê é importante viver em sociedade. Assim, “podemos dizer, por fim, que é na família que somos inseridos no mundo e é por ela que encontramos a fé, a escola e a sociedade”.

Amanhã, terça-feira, 15, no próximo episódio da nossa série, saiba como o cenário da economia pode afetar a família e quais as perspectivas de vida para que ela não desmorone em meio à crise.

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