Aparelhos eletrônicos, má alimentação e sedentarismo são alguns itens que influenciam diretamente na qualidade do sono
Thiago Coutinho
Da redação
Uma boa noite de sono ou, em vez disso, um sono tumultuado, podem definir muitos aspectos da saúde de um indivíduo. É durante o sono que o organismo coloca em prática suas funções reparadoras — reparo de tecidos, crescimento muscular e síntese de proteínas, só para citar alguns.
“É nesse momento que o organismo repõe as energias e as regula, e isso faz com que mantenha o corpo e a mente saudáveis. É por isso que dormir bem é um hábito que deve ser incluído na rotina de todos”, explica Nelson Vinicius Gonfinetti, médico endocrinologista do Instituto Castro de Medicina.
E como saber se seu sono está em dia? Segundo Gonfinetti, existem quatro indicativos:
1. Indução rápida: não demorar a cair no sono num prazo mais ou menos de uma hora.
2. Não ter esse sono interrompido quatro ou mais vezes durante a noite.
3. Não ficar acordado por mais de 40 minutos no período da noite.
4. Ter pelo menos 75% do tempo deitado e dormindo.
O ideal, de acordo com Gonfinetti, para um adulto, são oito horas de sono diárias. “Adolescentes precisam dormir um pouco mais, de oito a 10 horas. Crianças necessitam dormir até 13 horas. Para os bebês ainda não há uma determinação da melatonina indutora do sono [hormônio responsável pela regulação de ritmos biológicos, como o sono], então, precisam dormir de 12 a 16 horas por dia”, explica.
Os males da privação do sono
Uma boa noite de sono, conforme Gonfinetti detalha, pode ser reparadora. A privação, por outro lado, pode custar caro para o corpo humano.
“A privação do sono pode causar dor pelo corpo, cansaço, sonolência, irritabilidade, alteração de humor, perda de memória, comprometimento da criatividade, lentidão de raciocínio, uma pessoa que vai ter uma menor produtividade no seu trabalho, dificuldade para se concentrar”, destaca o especialista.
Pandemia e uso de celulares
Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostrou que 41,7% dos entrevistados apresentaram distúrbios do sono durante a pandemia — tais como dificuldade para pegar no sono ou dormir mais do que de costume.
“Acredito que isso só intensificou uma situação que no fundo já estava sendo frequente em nosso meio”, observa o médico. “A manutenção do trabalho e do confinamento em casa fez com que, sem dúvida nenhuma, as pessoas mantivessem um sono de má qualidade. Houve, durante a pandemia, uma piora para dormir que chegou a duplicar entre adultos e adolescentes”.
E para quem sofre de outros problemas, como obesidade, sedentarismo, o sono se tornou ainda pior. “Sem dúvida nenhuma, naqueles em que há abuso de álcool e falta de exercícios físicos, além do ganho de peso, problemas como apneia do sono, síndrome das pernas inquietas pode ter piorado ainda mais com a pandemia”, observou.
O uso de aparelhos eletrônicos e celulares durante a noite também pode ser prejudicial a quem busca um sono tranquilo. “O uso excessivo das telas rouba horas de sono das crianças e adolescentes e causam noites mal dormidas”, alertou.
A rotina para um bom sono
Gonfinetti apresentou algumas mudanças de hábito necessárias para se manter uma noite de sono aprazível. A primeira dica é “desligar-se” antes de dormir. “Desligue-se de qualquer instrumento eletrônico que possa atrapalhar, até porque eles não são importantes a partir de determinado momento. Isso, sem dúvida nenhuma, trará uma melhora na qualidade do sono”, disse.
Outra orientação do médico é evitar ingerir alimentos “pesados”. O endocrinologista lista alguns alimentos que podem ajudar no sono: mel, grãos integrais, bananas, feijão e laticínios. “Lembramos que o leite quente que a sua mãe dava também ajuda a dormir melhor, especialmente as crianças. Por isso, são uma fonte natural de sono, induzido principalmente por um aminoácido chamado triptofano”.
Alimentos que ajudam na digestão também podem ser um ótimo indutor de sono, tais como nozes, aveia, grão-de-bico, iogurte e folhas verdes.