Equilíbrio social

Empresas brasileiras dão exemplo de economia baseada na comunhão

Rompendo paradigmas, empresas brasileiras são exemplos de uma nova forma de economia baseada na comunhão, repartindo seus lucros em três partes: uma é destinada aos jovens, a segunda à formação de homens novos e, por fim, outra parte é destinada ao desenvolvimento da própria empresa.

A chamada Economia de Comunhão (EdC) foi uma inspiração da fundadora do Movimento dos Focolares, Chiara Lubich, em sua visita ao Brasil em 1991. Hoje, tal modelo de economia é implantado em empresas de outros 39 países.

Mais de 1650 empresários e estudiosos vindos de 37 países estiveram presentes na Jornada Internacional de Economia de Comunhão, realizada no memorial da América Latina em São Paulo, neste domingo, 29. A Jornada fez uma síntese desses 20 anos de EdC e lançou uma perspectiva para os próximos anos.

“A disparidade entre ricos e pobres é a pior chaga social do Brasil”, disse Chiara Lubich em 1991, ao instituir a EdC. Para ela, a distribuição harmoniosa de renda é o melhor caminho para o desenvolvimento da sociedade.

Segundo a fundadora do Movimento dos Focolares, deveriam surgir empresas administradas por pessoas competentes que colaborassem para o bem comum. Atendendo a esse pedido, empresários como Armando Tortelli dedicaram seus esforços para a constituição dessa realidade.

“No mundo empresarial, parecia-me incompatível colocar em prática esses valores éticos e morais do cristianismo. Quando Chiara veio ao Brasil em 1991,  foi como se ela nos dissesse que Economia de Comunhão nada mais é que viver o amor na atividade econômica, buscar diariamente aquela luz, algo em que você pode e deve acreditar, pois é verdadeiro. Acreditar que você pode sim produzir riquezas colocando o homem no centro das atividades, sendo amor para com todos e em cada ação que se desenvolve”, esclarece Tortelli.

O empresário explica que a partilha do lucro é feita na liberdade, de acordo com as necessidades e características da própria empresa. Em sua particular experiência, ele estipula por ano uma meta que deve ser alcançada para que a empresa possa ajudar os pobres.

“Independentemente de ter esse dinheiro em caixa ou não, nós buscamos atingir essa meta, pois como dizia Ginetta Calliari [cofundadora do Movimento dos Focolares, que o trouxe ao Brasil], os pobres não podem esperar”, conta o empresário.

Longe de acreditar na perfeição do sistema estipulado para sua empresa, Tortelli explica que o empresário de EdC deve buscar sempre um equilíbrio, deve estar desapegado na sua  pessoa física quanto ao lucro da empresa.  “Por lei, o empresário pode retirar do lucro uma parte já tributada e ser remunerado pelo capital que investiu. Procuramos viver dignamente, mas não ter esse acúmulo na pessoa física”, destaca. 

Ecológica e socialmente sustentável

Mais que uma empresa socialmente sustentável, a empresária Eunice de Lima buscava algo mais. Já na formação da empresa queria ter presente aqueles que desejava atender: os pobres.

A empresária trouxe para São Paulo a ideia de um padre de Recife, que ensinava jovens em situação de risco a confeccionar bolsas feitas com lonas de caminhão.

“Tanto os jovens quanto o material usado nas bolsas são recuperados 'da rua'. Quando vi essa experiência, vi que era algo pelo que valia a pena dar a minha vida e ali investi minhas economias”, conta.

A Dalla Strada, nome italiano que significa "vindo da rua", emprega 10 jovens, provas vivas de amor e superação. No centro das atividades da empresa está o ser humano, por isso o empreendimento preocupa-se com cada um. Nas reuniões, Eunice explica que é feita sempre a 'hora da verdade', onde se ressalta o que há de bom em cada um e o que é preciso melhorar.

A iniciativa é uma das empresas de Economia de Comunhão localizada no Pólo Industrial Spartaco. No Brasil, existem ainda dois pólos: o Pólo Ginetta, no município de Igarassu, em Pernambuco (PE), e o Pólo Industrial Phillip Naveaux, próximo à cidade de Belém (PA), no município de Benevi. 

Veja mais na reportagem de Fernanda Postigo

 

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