Presidência da CNBB visita Roraima para conhecer de perto situação de migrantes venezuelanos e ação da Igreja na região
Da redação, com CNBB
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza até quinta-feira, 12, uma visita à diocese de Roraima (RR) no contexto da Operação Acolhida, organizada pelas Forças Armadas. A visita, a convite do bispo local, Dom Mário Antônio da Silva, e de Dom Fernando José Monteiro Guimarães, teve início no último domingo, 8.
A atual presidência da CNBB é composta pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG), Dom Walmor Oliveira de Azevedo – presidente da CNBB, o arcebispo de Porto Alegre (RS), Dom Jaime Spengler – primeiro vice-presidente, o bispo de Roraima (RR), Dom Mário Antônio da Silva – segundo vice-presidente, e o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), Dom Joel Portella Amado – secretário-geral. Também integra a comitiva o arcebispo ordinário Militar do Brasil, Dom Fernando José Monteiro Guimarães, cujo objetivo é conhecer as ações da Igreja na região.
Segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a visita à Roraima responde a um apelo humanitário de conhecer o que acontece em Roraima em razão da chegada dos Venezuelanos que fogem da crise de seu país à procura de uma oportunidade. “Trata-se de um problema que diz respeito não apenas a Roraima, mas ao Brasil, ao mundo e a cada um de nós”, disse.
A presidência da CNBB vai, de acordo com Dom Walmor, ver o que está acontecendo, olhar o caminho da Igreja de Roraima e a vida de seu povo mas, sobretudo, deixar-se impactar neste tempo quaresmal por esta experiência e aprender com ela novas lições. “Estamos aqui aprendendo e ouvindo, buscando novos caminhos não apenas para compreender e explicar, mas sobretudo para sermos capazes de ajudar a dar novas respostas”, disse.
Agenda de visitas
Nesta terça-feira, 10, os bispos realizam uma visita à Caritas e ao Serviço Pastoral dos Migrantes, aos Serviços Jesuítas de Amparo a Migrantes e Refugiados – Projeto Fé e Alegria, na Igreja São Bento. No período da tarde, visitarão o abrigo que acolhe indígenas venezuelanos e a Ocupação Urbana Kaubanoko.
Na quarta, 11, visitarão alguns trabalhos de pastorais sociais das comunidades de fé da Diocese de Boa Vista; o Projeto Orinoco, mantido pela Cáritas, dedicado a pessoas que vivem nas ruas; o Abrigo Indígena de Pacaraima; o Projeto Canarinhos da Amazônia, coral infantil mantido a partir de ação humanitária e à noite, participam de uma Missa na Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo.
Ontem, 9, a presidência da CNBB visitou o Centro de Migração e Direitos Humanos (CMDH) e as Missionárias da Caridade. Só em 2019, o CMDH realizou 30 mil atendimentos com o intuito de encaminhar processos de regularização migratória e apoiar as famílias no aluguel de casas.
Para a Irmã Telma Lage, coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos, a visita da presidência da CNBB em Roraima é uma oportunidade de sentir realmente o que está acontecendo na região. “Quando a gente conta o que está acontecendo em Roraima, fora daqui, as pessoas escutam e até entendem, mas quando chegam aqui sentem na pele a dor do povo”, disse.
Ela afirmou que vê no gesto da presidência da CNBB uma maior sensibilidade para perceber o que o povo está vivendo na região e também compreender a dimensão do trabalho que tem sido feito por tantas organizações. “Para a gente sentir, como pede a CF 2020, a gente tem que ver”, disse.
Igreja no Brasil e crise na Venezuela
Dados consolidados do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostram que 61.681 venezuelanos pediram refúgio no Brasil somente em 2018 — número que representa mais de 75% de todas as solicitações naquele ano. Geralmente, segundo o órgão, um pedido leva de dois a três anos para ser processado pelo comitê. O colapso político e econômico da Venezuela se acentuou em 2019, com confrontos entre forças de segurança leais ao regime de Nicolás Maduro e manifestantes favoráveis à oposição liderada por Juan Guaidó.
Conforme decisão dos bispos do Brasil em sua 56ª Assembleia Geral realizada em Aparecida (SP), de 11 a 20 de abril de 2018, 40% do total de recursos arrecadados na Coleta da Campanha da Fraternidade de 2018 seriam destinados à diocese de Roraima para a ação de acolhida aos imigrantes venezuelanos. Os 40% do Fundo Nacional de Solidariedade deram um montante de R$ 2.365.391,21.
A diocese de Roraima elaborou e implementou com o recurso o projeto Caminhos de Solidariedade – Brasil Venezuela, uma materialização das forças da Igreja na atenção aos irmãos venezuelanos. Com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade – o gesto concreto da Campanha da Fraternidade da CNBB – o projeto foi organizado em três eixos: articulação conjunta com a Igreja na Venezuela, Integração e meios de vida.