Sacerdote fez palestra retomando principais pontos do documento papal e confrontando-os com as diretrizes para a evangelização no Brasil
Da Redação, com CNBB
A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, permeou as discussões do segundo dia de reunião, nesta quarta-feira, 27, do Conselho Episcopal Pastoral (Consep). O encontro é realizado até sexta-feira, 29, na sede da CNBB, em Brasília.
Padre Mário de França Miranda, doutor em Teologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, fez uma palestra retomando as principais linhas da exortação de Francisco, confrontando o discurso do pontífice com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.
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O palestrante procurou apontar as mudanças que estão acontecendo na Igreja atualmente, sobretudo a partir do pontificado de Francisco, suas orientações e a forma como ele as tem acolhido. O sacerdote falou sobre uma presença maior do Espírito Santo na vida da Igreja e sobre a sinodalidade, ou seja, uma Igreja com mais comunhão e participação de todos.
Retomando os discursos de Francisco, padre Mário recorda a ideia da opção pelos pobres, mas em uma ótica de ações concretas, como insiste o papa. “Lembrando que o termo ‘pobres’ aqui é uma palavra genérica, para todos os que estão do pior lado de uma sociedade que produz desigualdades”, alertou.
Leigos
Para o futuro da Igreja, o teólogo defendeu uma participação ainda maior do laicato. “Não vejo saída para a Igreja a não ser por meio da força dos leigos e leigas na obra da Evangelização. Creio que daqui para frente é impossível uma Evangelização eficaz sem eles. A sociedade é muito complexa, com setores até desconhecidos por responsáveis religiosos, mas onde os leigos vivem sua fé e podem ser agentes dessa Evangelização”, declarou o padre, que defendeu uma entidade menos clerical e mais participativa.
Missão
Ainda na opinião do sacerdote, a missão é o grande sentido da Igreja. “Ser cristão é, sobretudo, estar ativo na obra da Evangelização. Você passa a trabalhar nessa obra a partir do momento do batismo. Essa consciência havia desaparecido um pouco, mas hoje está sendo fortemente retomada”.
O sacerdote acredita que a CNBB tem procurado responder aos pedidos do Papa e que a América Latina, de modo geral, dá não apenas um forte recado ao resto do mundo, mas faz um convite para a caminhada da Igreja, por uma religião mais concreta e mais sensível ao sofrimento humano.
“Às vezes o contexto europeu limita a compreensão do que se passa em outras regiões. Isso é normal, por conta da nossa chave de leitura. Mas o Papa é ousado, diz ‘para que não tenhamos medo, sermos criativo’, e isso tem um peso enorme”, conclui.