Os mineiros que pretendem adquirir a carteira de habilitação enfrentam um desafio que vai além das provas práticas no trânsito. Eles terão que vencer a variação no preço médio do documento nas autoescolas, que hoje tem diferença de até a 88%.
Reportagem de Vanessa Anicio e Daniel Camargo
Há 7 anos, Deisiane tenta tirar a carteira de motorista. “Em 2018 eu tentei algumas vezes, porém eu deixei a pauta vencer, então estou reiniciando as aulas, tanto de legislação quanto de direção mesmo”, disse a auxiliar administrativo, Deisiane de Souza Patrício. “Você tem uma ideia de quanto que você já gastou em relação a tirar carteira?” -“Muito”, completou ela.
E a carteira de motorista tem ficado mais cara para os belorizontinos. Uma pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro em 100 autoescolas da capital mostra que o valor do pacote para carro subiu em média 6% em 2025. Para motos, o aumento foi ainda maior, cerca de 16%.
O cenário de Belo Horizonte acompanha uma tendência nacional. Em todo o Brasil, o custo médio para tirar a CNH gira em torno de R$ 3.200. E esse valor pode variar bastante de estado para estado. O Rio Grande do Sul lidera a lista com quase R$ 5.000 de custo.
Na outra ponta, Paraíba e São Paulo estão entre os mais baratos, com valores em torno de R$ 2.000.
“A gente tem aí um aumento de custo das autoescolas que desde o aluguel, o próprio veículo, treinamento, tudo isso acarreta com aumentos acumulativos, assim também como o aumento das taxas, que são várias taxas que o consumidor tem que passar e pagar. Por isso que a gente teve aumento”, explicou o economista, Feliciano Abreu.
O alto valor reacendeu o debate sobre flexibilizar as aulas obrigatórias em autoescolas. A proposta é que o aluno possa se preparar por conta própria, fazendo apenas as provas teórica e prática, o que pode reduzir significativamente o preço final.
“E isso faz com que os estabelecimentos fiquem preocupados com seus custos, que é natural. E o consumidor, por sua vez, também tá esperando porque é uma posição do governo, porque de repente você gastar R$ 3.000 aí, sendo que você pode esperar um mês para gastar bem menos do que isso. Então, realmente é um momento atípico”, retomou Feliciano.
Enquanto isso, para muitos brasileiros, a habilitação continua sendo um sonho cada vez mais distante. “Tanto psicologicamente quanto financeiramente. Então é um investimento muito caro”, apontou Deisiane.