Início de 2016 ainda deve ser difícil para os brasileiros, que sofrem com a crise econômica; economista diz que é preciso colocar os gastos “no papel”
Jéssica Marçal
Da Redação
O governo do estado de São Paulo começa a cobrar nesta segunda-feira, 11, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotivos, o famoso IPVA, que é apenas uma das várias contas extras que aparacem no início do ano. Para não ficar no vermelho, “planejamento” vai ser a palavra-chave para os brasileiros que ainda sofrem com a crise econômica no país.
O Brasil fechou 2015 com inflação oficial de 10,67%, maior taxa desde 2002, quando atingiu 12,53%. O aumento foi sentido na pele pelos brasileiros. “A crise provocou um aumento considerável no preço da maioria, senão todos, dos produtos e serviços que eu consumo, e a renda permaneceu a mesma”, conta a produtora Anyelle Lins Almeida.
A jovem mora com a mãe e o irmão e tem despesa com contas básicas da casa: água, luz, internet, prestação da casa, além de gasto com carro, supermercado e empréstimo. “Pude sentir com mais intensidade no valor do combustível, evitando transitar muito com o carro; energia elétrica e também no setor de beleza (unha, cabelo), roupas e calçados, adquirindo só o essencial”, conta a produtora
Projeções para o ano
O início de 2016 ainda deve ser de aperto, pois a expectativa é que a inflação continue subindo pelo menos nos três primeiros meses, segundo o economista Humberto Felipe Silva.
Ele afirma que a recuperação dos vários setores da economia vai depender de uma situação econômica mundial. A crise no Brasil, diz o especialista, é fruto de uma política econômica errada, além do fato de que a economia internacional também atravessa um momento crítico.
“Hoje nós temos uma dependência muito grande da China e ela também está em crise. Então, é muito provável que a gente continue com essa situação por algum tempo em todos os setores, inclusive aumentando a demissão”.
Assista: Crise na China pode interferir na economia do Brasil
O economista acredita que o caminho para o fim da crise passa por uma solução para o momento político que se vive no país. Atualmente, a situação é instável, com o pedido do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, com as denúncias de corrupção contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e com processos e acusações também contra o presidente do Senado, Renan Calheiros.
“Sem uma condição política favorável, é muito difícil fazer uma recuperação econômica. (…) A situação política nossa é extremamente delicada e é isso, inclusive, que leva os bancos internacionais e os investidores a terem receio em relação ao Brasil”.
Para não ficar no vermelho
Por mais que o consumo tenha ficado mais aquecido no fim do ano, Humberto lembra que essa é uma prática habitual que acaba em janeiro, com a chegada das despesas de início de ano: IPTU, IPVA e material escolar, por exemplo.
Com o gasto de dezembro e as contas de janeiro, a dica de Humberto para o brasileiro não ficar no vermelho é colocar tudo “no papel”, ou seja, fazer uma lista de todas as receitas e despesas. Além disso, é preciso eleger prioridades, caso não haja dinheiro para pagar tudo: avaliar quais despesas vão gerar um custo mais alto se não forem pagas.
“Suponha que você está devendo o cartão de crédito e para um amigo. O juros de um amigo, de um parente, é mais barato. É melhor ir lá negociar com o parente ou o amigo, deixar para pagar mais para frente e pagar o cartão de crédito, porque o juros do cartão de crédito é muito alto”, exemplifica Humberto.
Anyelle diz que não costuma fazer um planejamento financeiro, mas acredita que isso ajudaria na organização das contas. “Por saber o que realmente tenho de dinheiro naquele mês e o quanto eu posso ou não gastar. Além de que evitaria o gasto com coisas desnecessárias”.