391 anos da fundação

Dom Orani Tempesta fala do Aniversário de Belém

As comemorações dos 391 anos da fundação da cidade de Belém levou-nos a algumas conclusões que nos comprometem na caminhada e vivência nesta histórica cidade. Ao agradecermos pela nossa história, recordamos os feitos de milhares de pessoas que nos antecederam e que forjaram a vida e alma de nosso povo na cultura, educação, esporte, economia, religião e fé.

Existiram pessoas que corresponderam aos dons e carismas recebidos de Deus e os colocaram a serviço do bem comum. Lembramos ainda a missão exercida por essa cidade fundada na “foz” do Amazonas com nítidos interesses portugueses, mas com isso iniciou-se também a missão católica de anunciar o Evangelho a toda criatura, estendendo a Palavra de Deus por toda a Amazônia partindo de Belém, que, na época da criação da Diocese, abrangia teoricamente toda essa região. Porém, ao lado de pessoas que procuraram corresponder aos bons sentimentos e belas idéias com a convicção de fazer o bem, tivemos os que fizeram o contrário.

Dentro da liberdade humana sempre há os que semeiam joio no meio da plantação de trigo. Sempre há lugar para que a pessoa faça o mal e não o bem. Dessa realidade que trouxe tantos sofrimentos na secular história de nossa cidade, somos chamados a reconhecer as realidades de violência, corrupção, divisão, interesses escusos presentes em todas as camadas da população e que acarretaram tantas situações de exclusão e desigualdade que até hoje sofremos.

Mesmo sabendo que a história é sempre contada a partir de um ponto e que sempre traz consigo o ponto de vista de quem a conta, não há como não reconhecer esses dois lados da moeda: o agradecimento pelas pessoas que forjaram beneficamente a nossa história e reconhecer que muitos fomentaram o mal nos seus diversos âmbitos.

O que fica para nós nesse momento de comemoração é o olhar para o futuro através do nosso presente. A história do presente e do futuro está ainda sendo construída! Somos nós os protagonistas de hoje: os que aqui residem por terem nascido aqui ou por terem vindo aqui morar vindos de outras localidades do Estado, do Brasil ou do Mundo pelas diversas razões presentes nas motivações de cada um.

Mas todos os que hoje formamos a cidade, somos responsáveis por ela: entidades governamentais, não governamentais, religiosas, de classes, clubes de serviço, povo em geral. Belém hoje está sendo construída por todos nós! Todos somos responsáveis pelo seu futuro! O trabalho da Igreja Católica é de Evangelização. A maneira de contribuirmos para a cidade é o anúncio do Evangelho, que leva a pessoa a uma mudança de vida com a conseqüente vida em comunidade. As comunidades não são fechadas em si mesmas, preocupadas apenas com os seus membros, mas são abertas a todos, ajudando com os valores do Evangelho e a com a presença no social. Isso não para fazer proselitismo e conquistar pessoas, mas como conseqüência do amor ao próximo. Amar a todos sem distinção é a nossa realidade.

Para essa colaboração com o futuro de Belém, e conseqüentemente da Região Metropolitana de nossa Capital, lançamos no mesmo dia do aniversário de Belém o nosso 7º Plano de Pastoral. Ele foi elaborado com a participação de todos com pesquisas, avaliações, sugestões, assembléias paroquiais, conselho pastoral arquidiocesano, assembléia arquidiocesana, equipe de trabalho, envolvendo todos os que participam de nossas comunidades. Através do nosso Plano de Pastoral que supõe que, além daquilo que é o comum da caminhada paroquial e que deve continuar, somos chamados a incrementar a nossa missão, procurando superar os 5 desafios ali propostos.

Esses desafios devem ser trabalhados até o 4º Centenário da cidade de Belém em 2016, procurando, através de nosso trabalho, colaborar enquanto cristãos e católicos com a cidade que vivemos e toda a sua região. Ao evangelizar, levamos as pessoas a serem fermentos no meio da massa com os valores da paz, fraternidade, perdão, respeito ao outro, respeito à vida…,que irão forjando os nossos relacionamentos de cidadãos. Nas mãos do povo de Deus está entregue a direção dos nossos sonhos pelos trabalhos que queremos fazer.

Desejo que esse plano esteja na mente e no coração de todos como um instrumento de unidade pastoral de nossa arquidiocese, confiando na oração de Maria por nós e pela nossa missão. Assim como Ela intercedeu junto a Jesus nas Bodas de Cana, texto da liturgia deste domingo, que Santa Maria de Belém do Grão Pará, que esteve presente desde os primeiros momentos do início de nossa cidade, ajude-nos para que possamos com Jesus, o Cristo Senhor, ver tantas situações transformadas como água em vinho nessa construção da civilização do amor!

D. Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano

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