Em 2012

Dom Odilo fala sobre preparativos para Sínodo dos Bispos da América

A 13ª Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos da América terá, entre os dias 7 e 28 de outubro de 2012, o tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”. O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, é um dos membros do conselho que prepara o Sínodo e esteve em Roma, na semana passada, participando de reuniões desse conselho.

Na entrevista a seguir, Dom Odilo fala sobre os preparativos e quais são os próximos passos a serem dados.

O SÃO PAULO – Na semana passada, o senhor participou de uma reunião, em Roma, para preparar a próxima Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos. Como está a preparação?
Dom Odilo Scherer – O Conselho do Sínodo dos Bispos reuniu-se para conhecer as contribuições vindas das conferências episcopais de todo o mundo sobre o tema – “Nova evangelização para a transmissão da fé cristã”. Os “Lineamenta”, ou linhas indicativas gerais sobre o tema, suscitaram uma rica e variada reflexão nas dioceses de todo o mundo e ofereceram uma visão bastante ampla sobre a evangelização.

O SÃO PAULO – O que se destaca nessas contribuições vindas das dioceses?
Dom Odilo – Em geral, percebe-se a necessidade urgente de uma retomada da evangelização em toda parte, e não apenas em alguns países. As motivações são bastante semelhantes e indicam a perda da fé e da prática da vida cristã, a adesão menor ou mais fluida à Igreja, diminuição das vocações sacerdotais e religiosas, necessidade de uma verdadeira iniciação à fé e à vida cristã. Mas também falam de experiências positivas de nova evangelização já em andamento, da busca de mais espiritualidade e formação cristã, de um grande número de experiências missionárias novas, agregações novas de fiéis, novos carismas de Vida Consagrada. Em muitos lugares do mundo, o testemunho de perseverança na fé dos mártires faz a vida cristã reflorescer de maneira esperançosa.

O SÃO PAULO – Quais são os próximos passos na preparação do Sínodo?
Dom Odilo – Na nossa reunião, foram feitos encaminhamentos para a elaboração do “Instrumento de trabalho” do Sínodo, que deverá ser publicado depois da Páscoa. Enquanto isso, as conferências episcopais já vão elegendo os seus delegados para participarem da Assembleia Sinodal. Também continuam chegando contribuições das dioceses para as conferências episcopais e serão úteis para preparar as intervenções dos participantes do Sínodo.

O SÃO PAULO – Não é a primeira vez que o Sínodo dos Bispos vai ocupar-se com o tema da evangelização. Qual será o foco para o tratamento do tema na próxima Assembleia Sinodal?
Dom Odilo – De fato, o Concílio Vaticano 2º já tinha como preocupação a promoção de uma “nova evangelização”, embora este conceito não tenha aparecido durante o concílio. Depois, o Sínodo de 1974 ocupou-se especificamente desse tema; daquela assembleia resultou a fabulosa Exortação Apostólica de Paulo 6º “Evangelii Nuntiandi”, em 1975. Houve também o Sínodo sobre a ação missionária da Igreja, nos anos 80, a “Redemptoris missio”; da mesma forma, o tema foi retomado nos sínodos continentais, na preparação ao Grande Jubileu do ano 2000. Isso deixa evidente que a “evangelização”, de fato, está no centro da vida e da missão da Igreja.

O SÃO PAULO – E qual será a novidade e o foco do tema no Sínodo de 2012?
Dom Odilo – Antes de tudo, a concepção daquilo que é uma “nova” evangelização e os desdobramentos que isso deverá ter para toda a Igreja. No Documento de Aparecida, por exemplo, já se fala de passar de uma pastoral de “mera conservação”, para uma “pastoral decididamente missionária”. Por outro lado, a segunda parte do tema indica outro foco importante: “para a transmissão da fé cristã”. De fato, essa é uma preocupação importante da Igreja em toda parte; a transmissão da fé já não acontece como no passado e, muitas vezes, deixa de acontecer; quando as famílias não cultivam mais um ambiente cristão no lar, ou deixam de batizar os filhos, ou de introduzi-los na vida da Igreja mediante a Catequese, a 1ª Comunhão, a Crisma, e quando os jovens não mais se casam na Igreja, para formar um lar cristão, a fé deixa de ser transmitida e o resultado é um novo paganismo e a perda de vínculos com a comunidade de fé, que é a Igreja. Na mudança de época, que está acontecendo, este é um desafio crucial para a Igreja. O Sínodo deverá ocupar-se com isso. De fato, nós, no Brasil e na América Latina, já trabalhamos sobre isso há vários anos.

O SÃO PAULO – Estamos em plena Campanha para a Evangelização no Brasil, durante o Advento. Isso também já responde à questão posta pelo tema do Sínodo?
Dom Odilo – Sim, plenamente. O objetivo principal da Campanha para a Evangelização, que se faz em todo o Brasil, é a tomada de consciência de que a evangelização não é tarefa para uns poucos, mas vocação e responsabilidade de todos os batizados. Nunca poderemos “terceirizar” a missão da Igreja: ela brota do Batismo, que faz de todos nós “discípulos e missionários”. A transmissão da fé decorre do fervor e da alegria de sermos cristãos e membros da Igreja. Por isso, os católicos também são chamados a sustentar, com suas doações generosas, a obra evangelizadora da Igreja. Para esse objetivo, teremos a coleta para a evangelização no terceiro domingo do Advento, dia 11 de dezembro.

 

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