Iniciação à vida cristã será o tema central da reunião que deve contar com a participação de 350 bispos da Igreja no Brasil
Jéssica Marçal
Da Redação
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) inicia nesta quarta-feira, 26, os trabalhos de sua 55ª Assembleia Geral. O evento que se estende até 5 de maio vai reunir cerca de 350 bispos de todo o país em Aparecida (SP) e tem como tema central “iniciação à vida cristã”.
O secretário-geral da entidade, Dom Leonardo Ulrich Steiner, conversou com a equipe do noticias.cancaonova.com sobre essa próxima Assembleia. Ele explica como foi escolhido o tema central e conta como deve ser a rotina de trabalho dos bispos nos 10 dias de reunião.
Paralelo ao tema central, a exortação do Papa Francisco sobre o amor na família, Amoris laetitia; o caminho ecumênico, as novas formas de consagração e as novas comunidades, os 10 anos da Conferência de Aparecida e a 15ª Assembleia do Sínodo dos Bispos estão entre os temas prioritários. Confira na entrevista:
A Assembleia da CNBB 2017 começa na próxima semana e terá como tema central a iniciação à vida cristã. Como esse tema foi escolhido?
Dom Leonardo Steiner – O Tema Central das assembleias gerais é escolhido pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB. Esse Tema centraliza as preocupações e ocupa um bom espaço dos dias da Assembleia Geral. A Conferência de Aparecida havia apontado algumas preocupações em relação à evangelização na América Latina. Essas preocupações foram acolhidas nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil no quadriênio 2011 a 2015 como cinco urgências. Entre essas Urgências estava “Igreja: casa da iniciação à vida cristã”. Nas Diretrizes do quadriênio atual, essas urgências permaneceram. Em Assembleia anteriores, abordamos “Igreja: comunidade de comunidades”, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade”. Os bispos, no diálogo, escolheram a realidade da iniciação à vida cristã, para ser refletida e debatida durante a 55ª Assembleia Geral. O Tema nos despertará para uma vida cristã mais misericordiosa, missionária e fraterna. Estamos sempre sendo iniciados na vida de Jesus Cristo.
Como será a rotina de trabalho dos bispos durante a Assembleia? Quantos bispos devem participar?
Dom Leonardo – A rotina é de muito trabalho, oração e diálogo. A rotina: levantar, café da manhã celebração da eucaristia, trabalho, intervalo, trabalho, oração, almoço, descanso, oração, trabalho, intervalo, trabalho, oração, jantar. À noite acontecem encontros de grupos. A Assembleia expressa a comunhão entre os bispos, por isso temos momentos de escuta no plenário, diálogo no trabalho de grupo, troca de ideia e experiências nos intervalos, momentos celebrativos intensos. Naturalmente que os bispos também descansam e se alimentam. Participarão cerca de 350 bispos, contando com os eméritos.
A CNBB discute, nessas assembleias, temas referentes à vida da Igreja, mas questões do cenário político-econômico-social do Brasil não ficam de fora. Para este ano, que tipo de assuntos dessa categoria devem entrar na pauta?
Dom Leonardo – Acontece sempre uma análise de conjuntura política social e também eclesial. Como o Dia do Trabalho acontecerá durante a Assembleia, os bispos deverão fazer um pronunciamento. Depender da decisão do plenário pode haver alguma outra manifestação sobre a realidade do país. Temos sempre recordado a realidade indígena e dos mais pobres, como também a realidade da Amazônia.
Uma das grandes riquezas da Assembleia é a partilha das várias realidades da Igreja no Brasil. Para além dessa colegialidade e troca de experiências, o que mais o senhor destaca como importância dessas reuniões realizadas anualmente?
Dom Leonardo – É o encontro das igrejas particulares na pessoa dos bispos. A Assembleia é a oportunidade de nos encontrarmos. Às vezes é o único momento em que nos vemos como bispos, mas temos o mesmo ministério, estamos a serviço da mesma Igreja e trazemos as alegrias e as angústias do nosso povo. É extraordinário participar da celebração onde estão presentes os pastores desse imenso Brasil com sua diversidade cultural; onde ecoam as vozes de tantas igrejas; onde todos estão com o olhar voltado para Jesus, cuidados pelo amor da Trindade. E em Aparecida acompanhados pela Virgem feita Igreja.
O que deve ser feito/discutido na Assembleia com relação ao Ano Mariano?
Dom Leonardo – A celebração do Ano Mariano continua nas nossas comunidades e dioceses. Ele será celebrado também na Assembleia. Faremos uma peregrinação até a imagem no Santuário durante o retiro. Os bispos devem oferecer às nossas comunidades uma reflexão que aborde a devoção à Nossa Senhora.
Um dos temas prioritários será o próximo Sínodo dos Bispos, dedicado aos jovens. O questionário para levantamento de informações já foi enviado para as dioceses. Como isso tem sido trabalhado aqui no Brasil?
Dom Leonardo – O Sínodo dos Bispos será abordado durante a Assembleia, mas como um momento de reflexão, pois ainda não teremos as respostas ao questionário que as dioceses e comunidades estão respondendo. Elas poderão enviar as respostas até o fim de julho quando faremos na CNBB uma síntese que será enviada ao Secretariado do Sínodo em Roma.