Uma missa celebrada, no sábado, 8, no Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, marcou a comemoração dos 90 anos do bispo emérito de Nova Friburgo (RJ), Dom Clemente José Carlos Isnard. O atual assessor da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, padre Carlos Gustavo Haas, e os ex-assessores, frei Alberto Beckäuser, padre Gregório Lutz e padre Marcelino Sivinski, prestaram sua homenagem de gratidão e reconhecimento a Dom Clemente pelo trabalho 20 anos na Comissão de Liturgia da CNBB. Na ocasião, foi lida uma carta do presidente da Comissão, dom Joviano de Lima Júnior, saudando o aniversariante.
Nascido no Rio de Janeiro em julho de 1917, Dom Clemente entrou para o Mosteiro de São Bento em 1936. "Depois de algumas noites escuras, cheguei em 1940 à profissão solene. Foi o dia mais feliz da minha vida”, confessa. Em 1942, foi ordenado presbítero e, em 1960, nomeado bispo da diocese de Nova Friburgo. Foi vice-presidente da CNBB de 1979 a 1983, quando Dom Ivo Lorscheiter era presidente e Dom Luciano Mendes, secretário.
"Os 33 anos que passei como primeiro bispo de Nova Friburgo foram um esplendor”, recordou Dom Clemente. “Não que não houvesse passado momentos de angústias e sofrimentos, mas anos em que descobri o povo de Deus especialmente nas chamadas capelas rurais, nas povoações do interior, na simplicidade da gente da roça. Na pobreza do chamado palácio episcopal, recebendo durante o período revolucionário pessoas perseguidas pela polícia, hospedando no palácio pobres da rua, recebendo em audiência todo mundo, ricos e pobres. Mas estes especialmente".
Dom Clemente sempre se destacou na Dimensão Litúrgica, tendo, inclusive, participado do Concílio Vaticano II. "Pude contribuir, em Roma, para a reforma da Liturgia durante o Concílio e depois no Conselho para a execução da Sacrosanctum Concilium", conta, emocionado. "Como bispo encarregado da Liturgia durante quase 20 anos me alegrei com a reforma litúrgica aplicada ao Brasil onde pudemos elaborar a V Prece Eucarística e as aclamações do povo para todas as preces eucarísticas. Nem tudo no Concílio satisfez meus anseios, mas foi uma ótima reforma", lembra.
Ao final de sua homilia, Dom Clemente demonstrou toda sua disposição para o trabalho. "O tempo que me resta de vida, que não pode ser muito longo, eu desejo empregar na defesa das conquistas do Movimento Litúrgico, na defesa do Concílio Vaticano II, na defesa da opção preferencial pelos pobres e da Igreja como Povo de Deus".