O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, disse nesta quinta-feira,14, que o Governo “faz propaganda enganosa” ao informar que a transposição do Rio São Francisco servirá para acabar com a falta de água que atinge as populações por onde os canais vão passar.
“O projeto de transposição tem fins econômicos, para a produção de frutas, para exportação e criação de camarão em cativeiro e para incremento do capital. Se esse projeto fosse para saciar a sede humana e animal eu seria a favor, mas esse não é o objetivo”, disse o bispo à Agencia Brasil ao chegar para audiência pública no Senado.
Sobre a possibilidade de o projeto gerar desenvolvimento econômico e social na ragião, dom Cappio afirmou que isso deveria estar em segundo plano. “Primeiro é garantir água para quem tem sede e depois o multiuso do rio.”
Para o bispo, que já fez greve de fome contra a transposição, antes de distribuir a água do São Francisco é preciso fazer a revitalização corretamente.
O secretário de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, João Reis Santana Filho, lembrou que o projeto já estava previsto no programa de governo e destacou a existência de estudos técnicos para garantir a viabilidade do projeto.
Santana Filho rebateu a crítica de dom Cappio de que a prioridade do projeto seja beneficiar o capital.
O secretário também lembrou que a decisão sobre o uso da água caberá aos comitês gestores de bacias nos estados por onde o rio passará. Os comitês de bacias Hidrográficas são colegiados instituídos por lei, no âmbito do Sistema Nacional de Recursos Hídricos e dos Sistemas Estaduais.
Considerados a base da gestão participativa e integrada da água, têm papel deliberativo e são compostos por representantes do Poder Público, da sociedade civil e de usuários de água e podem ser oficialmente instalados em águas de domínio da União e dos estados. Existem comitês federais e comitês de bacias de rios estaduais, definidos por sistemas e leis específicas.
Dom Cappio e Santana Filho participam de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado para discutir o Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional.